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terça-feira, 29 de junho de 2021

Covaxin: A FARSA DO UM-SETE-UM


 A semana viveu tensão política com a entrevista do deputado federal Luis Miranda à CNN, denunciando grave esquema de corrupção no Ministério da Saude (MS), na compra superfatura da vacina indiana Covaxin, com preços 1000% acima da proposta inicial.

O blog de esquerda O Antagonista estampou manchete com frase do presidente da CPI no Senado Ozmar Azia "Pegamos o governo!". A frase foi desmentida na sexta pelo próprio Azia e o blog removeu o post. 

As demais mídias canhotas encheram seus espaços com a denúncia, e muitos políticos da oposição e os insentões tiveram seus discursos apresentados na íntegra nas velhas mídias. 

Tudo agora se volta massivamente contra o presidente Bolsonaro. E mesmo com vídeo de esclarecimento do governo em 23/06, com o Secretário-Geral da Presidência, Onyx Lorenzone, e o secretário executivo do MS, Elsio Franco, os ânimos ficaram ainda mais excitados, com tudo preparado para sexta-feira, dia 25, quando os irmãos Miranda deporiam na CPI, presidida por Azia, tendo como relator Renão Canalheiro.

Chega sexta, depoentes adentram a ampla sala da CPI às 14 horas e, mesmo sendo convidados optam em jurar que falarão só a verdade, nada mais que a verdade. Pois sim!

O servidor concursado do Ministério da Saude, Luis Ricardo Miranda, fez breve apresentação. Seu irmão, Luiz Miranda, deputado federal, fez discurso emocionado, indo às lágrimas o farsante.

Ao longo das oito horas de depoimento, com uma interrupção, foi revelado os seguintes eventos durante cinco dias de movimentação de documentos de compra:

18/03 5ª feira - Vendedor manda link com invoice, com cópia à Fiscal do Contrato Regina Célia de Oliveira, documento básico para emissão de Licença de Importação (LI) pelo setor do servidor Ricardo Miranda (RM). O link não permitia a consulta, não abria o arquivo. Foi solicitado novo envio por e-mail. RM avisou o irmão Luis Miranda (LM) das divergências em relação ao contrato. O deputado ligou para o presidente Bolsonaro e pediu um encontro.

20/03 sábado - O deputado Luis Miranda vai ao Palácio da Alvorada junto com o irmão, levando os documentos: invoice e contrato.

22/03 segunda-feira - 16:27 chega por e-mail invoice com correção parcial, incompleta. Foi pedido à empresa vendedora as correções pendentes.

23/03 terça-feira - Recebido nova invoice ainda contendo erros. Novo pedido de correção.

24/03 quarta-feira - Recebido às 23 horas, invoice com todas as correções necessárias.

Vale ressaltar que a Fiscal do Contrato, Regina Célia, questionou Precisa quanto a redução do quantitativo de 4 para 3 milhões de doses para a primeira entrega do produto. 

Coube à Divisão de Importação, chefiada pelo servidor Luis Ricardo Miranda, a aprovação das invoices apresentadas durante as correções solicitadas à empresa proponente. As correções e adequações das invoices ao contrato foram realizadas pela Precisa, e ocorreu sem qualquer resistência por parte da Precisa, conforme declarou Ricardo Miranda na CPI.

A partir daí, fica pendente a aprovação por parte da ANVISA ao Pedido de Excepcionalidade para a vacina Covaxin, que foi rejeitada por falta do Certificado de Boas Práticas de Fabricação (CBPF), logo após visita de técnicos às instalações da fabricante na Índia. 

No mesmo dia 20/03, o presidente ligou ao então ministro Pazuello, pedindo verificar o que poderia estar ocorrendo com a importação da vacina covaxin. Pazuello saiu dia 22 do MS. O secretário-executivo, Élcio Franco, retornou ao presidente que nada de anormal ocorria com esse processo de importação.

Entretanto, o servidor Ricardo Miranda declarou aos senadores na CPI que não avisou seu irmão deputado Luis Miranda de que as pendências tinham sido sanadas com o recebimento de invoice já de acordo com o contrato assinado em janeiro/2021. Justificou, candidamente, não ter avisado o irmão porque não havia mais problemas. Hãã?!

É difícil acreditar que um servidor de carreira, concursado, não tenha avisado o irmão deputado de que as divergências tinham sido corrigidas! Todo estagiário aprende desde os primeiros dias o que seja feedback,  retorno, atualização, retroalimentação. Os militares usam a repetição da ordem recebida por parte do comandado, para confirmar seu entendimento... Por que Ricardo Miranda não passou um áudio ao irmão sobre as correções, como ocorreu na ocasião da denúncia? Parece-me que está protegendo o irmão deputado.

Esse inacreditável lapso permitiu que após 90 dias o deputado Luis Miranda "denuncie", em entrevista na CNN, que havia um esquema de corrupção de R$ 1,2 bilhões no Ministério da Saude, com vacina comprada com sobre preço de 1.000 %. Uma bomba, se fosse verdade!

Lembramos que em março/21 houve atraso por parte da China do envio de insumos e vacinas, já contratados, ao Instituto Butantã. Desse modo, era estratégico obter novos fornecedores de vacina. A vacina indiana, mesmo mais cara, teria o condão de acelerar o fornecimento pela China, adversário comercial e geopolítico da Índia, apesar de comporem o grupo BRICS, com: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Atualmente, não há mais necessidade de vacina mais cara, com liberação emergencial sustada por falta de documentação. Já existe um rol de vacinas testadas, aprovadas e com eficácia acima de 80%, tais como a Moderna, Janssen e Pfizer.

Em 29/06/2021, o Ministério da Saude suspendeu o contrato para compra da Covaxin.

Os médicos Ricardo Zimerman (E) e Francisco
Cardoso Alves (D), depuseram na CPI sobre os
Tratamentos Precoces usados por eles com sucesso 

Fica agora apenas a narrativa do deputado Luis 171 Miranda de que, quando apresentou os documentos da denúncia, o presidente exclamou: "isso é coisa do Ricardo Barros", líder do governo na Câmara dos Deputados e principal desafeto do estelionatário LM. 

Ele ameaça ter gravação da visita. Pelo histórico de LM, é capaz dele ter gravado, sim. Mas aos canalhas da CPI o que importa é que já conseguiram mais 90 dias para continuar atacando o presidente e seu governo, que é o principal objetivo de Ozmar Azia, Renão Canalheiro, Randolfu Dias, Ottotó Alémcaro e demais opositores.  

(Vide ADENDO ao final com dados trazidos pelo diretor da PRECISA, representante da Bharat Biotech/Madson no Brasil, fabricante da vacina indiana Covaxin, Francisco Emerson Maximiliano, contestando essas declarações e apresenta 5 FATOS documentando e comprovando que os irmãos Miranda mentiram à CPI da Covid.) *

Esse objetivo de derrubar o presidente ficou explícito quando os médicos Ricardo Zimerman  Francisco Cardoso Alves foram à CPI em 18/06 e Canalheiro se retirou com seus asseclas! 

Como disse o presidente, após ouvir um apoiador chamar o trio da CPI de Os Três Patetas: "eles não são patetas, são muito espertos, espertos para obter benefícios para si mesmos". Nota 10 ao presidente, que sabe com que tipo de gente está tratando.

Roberto Ferreira Dias havia sido nomeado Diretor de
Logística do Ministério da Saude pelo ex-ministro Mandetta

Dia 29/06, 3ª feira, o jornal Folha de São Paulo publicou reportagem com denúncia de que o Diretor de Logística do Ministério da Saude, Roberto Ferreira Dias (foto), cobrou propina de um dólar/dose de vacina do representante da AstraZeneca - Divati Medical Suppy - Luiz Paulo Dominguetti Pereira, para uma compra de 400 milhões de doses, sendo US$ 3,5/dose, um total de US$ 1.400.000,00, equivalente a R$ 6.944.000,00, com o câmbio atual de 4,96. Uáu!

No mesmo dia (29), o diretor Roberto F. Dias foi afastado pelo ministro da Saude Marcelo Queiroga, que abriu investigação para apurar o caso. A AstraZeneca emitiu nota informando que não tem representantes no Brasil (vide ao final), o que deixa a situação de Dominguetti bastante complicada, depois dessa negação pela farmacêutica.

À CPI, Dominguetti apresentou áudio recente recebido de Cristiano Alberto Carvalho, CEO da Davati, em que o deputado Luis 171 Miranda negocia compra de vacina!!!

Lembro a declaração do ex-ministro da Saude, Eduardo Pazuello, quando passou o cargo ao novo ministro Marcelo Queiroga, médico cardiologista: tem de tomar muito cuidado com as propostas, a toda hora vem alguém para conversar, obter vantagens. Por fim, resistir e não ceder às pressões. O alerta foi dado: o campo no MS é minado!

Uma coisa que foi dito pelo meliante-deputado Luis Miranda na CPI, me chamou atenção de um modo muito especial. Ele participava das buscas das vacinas por aviões da Força Aérea Brasileira (FAB). Uma senadora, questionou por que um deputado participava desses voos. Ele respondeu que é vontade de todo brasileiro ajudar a buscar vacinas. Sei! Acredito.

Conhecendo seu longo prontuário na polícia, fica uma dica para a Polícia Federal: rastrear essas viagens, incluindo imagens dos circuitos de segurança e os volumes carregados por LM. Lembrar do sargento na Espanha, com 39 kg de cocaína, já useiro e vezeiro em voos da FAB, por 7 outras vezes em governos anteriores.

As investigações vão esclarecer os fatos, aguardamos sua conclusão.

* ADENDO: 

Dia 02/07 o diretor da PRECISA, Francisco Emerson Maximiliano, iria depor na CPI da Covid, mas o presidente Azia suspendeu e adiou para terça-feira 6. Entretanto o diretor Maximiliano enviou para a CPI um vídeo com as provas de que os irmãos Miranda mentiram à CPI. 

Informa que a primeira invoice foi enviada ao Ministério da Saude no dia 22/03/21, de modo que ele não poderia apresentar este documento ao presidente em sua visita ao presidente Bolsonaro no sábado, dia 20/03. 

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