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sábado, 3 de janeiro de 2015

Discurso x Prática

Com a desfaçatez de praxe, o discurso da campanha eleitoral e pós-eleitoral do PT foi para o brejo, com a vaca tossindo horrores.
Na antecipação da primeira medida provisória (MP-655/14) do novo governo Dilma Rousseff, foram feitas diversas restrições aos benefícios trabalhistas de pensão por morte, seguro-desemprego, auxílio-doença, abono salarial e seguro-defeso. Todas contra os trabalhadores e suas famílias, principalmente daqueles que ora iniciam no mercado de trabalho. O prejuízo aos trabalhadores não é pequeno, soma R$ 18 bilhões, só em 2015! Para o governo são medidas para "corrigir distorções". A maioria das "distorções" e/ou fraudes, ocorre por falta de fiscalização.

Enquanto isso, a constatação da incapacidade operacional da Controladoria Geral da União-CGU - por falta de recursos e por leis muito convenientes aos corruptos - denunciada aos quatro ventos pelo ministro-chefe demissionário Jorge Hage, passa despercebida ao novo governo e aos profissionais de comunicação. Mesmo assim, nos pronunciamentos feitos na re-posse, a presidente repetiu as promessas de que os direitos sociais e os direitos dos trabalhadores não serão reduzidos. Não serão? Já foram! E nem sequer aventou-se qualquer restrição aos 39 ministérios*, com suas despesas multiplicadas, só para atender os partidos da "base de apoio". 

Foi essa mesma política que levou o governo em 2014, ao rombo orçamentário de R$ 116 bilhões e a uma inflação de 6,41%, mesmo com os aumentos adiados para 2015, taís como: energia elétrica, combustíveis, passagens de ônibus... Isso significa 42,4% acima da meta. Levou também ao atual escândalo do petrolão, que causou prejuízo econômico estimado em R$ 76 bilhões e um incalculável dano ético-financeiro à maior empresa do Brasil: a Petrobras. 

Está mantido o mesmo sistema de desgoverno que já provocou o próximo escândalo de corrupção a entrar em pauta, o do BNDES, com desvios estimados em R$ 500 bilhões, conforme declarou o procurador da República Helio Telho Corrêa Filho, do MPF de Goias, em entrevista ao Jornal Opção.** 

É que devido a falta de transparência nas operações do BNDES, a Procuradoria da República no Distrito Federal entrou com uma ação na Justiça, para obrigar o banco a fornecer toda informação relevante sobre a destinação de recursos das operações em curso, às transações futuras e as realizadas nos últimos dez anos.

A ação resultou de um inquérito iniciado em 2011 pelo Ministério Público, quando o banco se dispôs financiar a fusão do Grupo Pão de Açúcar com a filial brasileira do Carrefour. Isso despertou a atenção do Ministério Público para a necessidade de obter informações sobre o funcionamento do BNDES. Afinal, que interesse teria o banco para assumir um risco desse tipo? Essa questão ganhou as manchetes e os dirigentes do banco recuaram, mas a ação continua na Justiça.

Criado nos anos 50, para servir de instrumento às políticas de modernização e de fortalecimento da economia nacional, o BNDES recusa-se hoje a fornecer ao MP detalhes dos aportes a clientes privados alegando "sigilo bancário", segundo informes da ação. O Ministério Público não concorda com a alegação, visto que se trata de dinheiro público, diferentemente do Banco do Brasil e da Caixa que, além de recursos públicos, utilizam dinheiro de correntistas e investidores privados em seus financiamentos.

O BNDES também não dispõem informações ao Congresso, nem aos demais órgãos de fiscalização e controle dos gastos públicos, dos contratos de financiamentos feitos a empresas brasileiras que trabalham em outros países e para os assinados com governos estrangeiros.


Assim, a caixa preta do BNDES continua intacta, escoando bilhões em recursos público sem quaisquer controle, além dos de seus dirigentes nomeados pelo governo do PT. Mas a primeira medida de contenção de recursos, foi para retirar benefícios adquiridos há tempos pelos trabalhadores e suas famílias, dos quais o partido se diz defensor. Imagine se não fosse!
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* O número 39 acompanha o governo nos ministérios e nos indiciados no escândalo do petrolão. Ele relembra a fábula de Ali Babá e os 40 ladrões, parecendo indicar que está faltando "uns e umas" nesse número. 

** A assessoria de imprensa do BNDES enviou carta ao Jornal Opção informando que o motivo para não fornecer todos os dados solicitados pelo MPF e TCU se deve a restrições legais! Ficamos dependendo do julgamento da ação para esclarecer esse impasse. 
Leia mais em www.jornalopcao.com.br › Entrevistas >


# Texto veiculado parcialmente no jornal A TARDE de 04.01.15, na coluna Espaço do Leitor.

## Em 03.01.14, André Singer publicou na Folha de S. Paulo artigo O critério da verdade analisando
     a discrepância entre o que é prometido e o que de fato é realizado no governo Dilma.

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