Pesquisar este blog

domingo, 18 de janeiro de 2015

O jogo

Viver parece um jogo. Alguns acham-no sem sentido. Outros só jogam para ganhar e se frustram quando perdem alguma partida. Muitos jogam por puro prazer. É um jogo que se aprende jogando, apesar de vários livros descreverem algumas jogadas interessantes ou terríveis. 

O campo ou tabuleiro desse jogo parece ser o universo. Há manuais que ensinam a estrutura básica do jogo, seus primeiros movimentos, o movimento de cada peça e seus limites. Em geral há livros com jogadas célebres de partidas realizadas na história da humanidade, em que um dos jogadores fica acuado sob ataque, grave ameaça ou em xeque, tipo: "Corte a criança ao meio e dê uma parte a cada mulher". Ou descrevem movimentos sutis, mas decisivos para permitir a reversão do desenvolvimento da partida, como: "Caminhou até o mar seguido pela multidão, abaixou-se na praia e trouxe nas mãos um punhado de sal... E todo o povo fez o mesmo iniciando, nesse movimento, a libertação da Índia do domínio do Império Britânico". 

Alguns demonstram claramente que ganhar ou perder não é o mais importante. Para eles a essência do jogo é jogar. Vibram e se emocionam ao jogar com disposição e alegria. E o jogo fica melhor quando há empenho, cuidado e atenção, de modo a antecipar movimentos, perceber armadilhas, refletir e analisar situações complexas, sem se deixar dominar pela ansiedade. Isso não impede a alguns, que mal aprenderam a mover as peças, já se considerarem exímios jogadores. 

O início do jogo é previsível e os livros ensinam as aberturas mais eficazes. Aconselham os especialistas que após os movimentos iniciais, as peças precisam estar bem localizadas e protegidas. A partir daí as possibilidades de jogada se ampliam enormemente. Parecem infinitas. As decisões devem sempre ser tomada com o mínimo de cuidado e destemor. 

Uma dúvida constante que atormenta os jogadores é "com quem, contra quem, o quê jogamos?". Há quem diga que joga contra o Destino, adversário difícil, por determinar de antemão as jogadas de todas as partidas. Muitos acham isso muito chato. Os mais dramáticos afirmam que jogam contra a Morte, trapaceira, pois sempre ganha no final. Têm aqueles, porém, que acreditam estar jogando com o Acaso. Mas ainda existem muitas dúvidas. 

Há os que acreditam que estão aprendendo a jogar com um parceiro que deseja lhe mostrar, por todos os meios, que todos os movimentos realizados a cada partida conspiram para a vitória. Mesmo nas maiores dificuldades esse mestre-parceiro consegue apontar belas lições, a aprender e a memorizar. Não podemos esquecer os que, num jogo tristonho, identificaram o adversário: a Adversidade. 

Às vezes, alguns parecem jogar consigo mesmo inúmeras partidas desse constante aprendizado. Talvez, seja esse o parceiro que apresenta o jogo mais difícil que alguns descobrem ser preciso jogar. Analisam e decidem a estratégia e movimentam com as peças de um lado do tabuleiro. Após isso, passam a estudar a jogada a partir do lado oposto. Parecem aprendizes de filósofos.

Há os que, em algumas partidas, desistem do jogo. Tem os que preferem assistir o jogo dos outros e preferem apenas opinar, seja através da TV ou do rádio, sabendo que ninguém os ouve.

Tento entender como estou nesse jogo. Perceber com quem, contra quem jogo. Adversários, equipes, parceiros? Há regras, quais são elas? Se não, salve-se quem puder! Enfim, vou aprendendo a viver. Acho que estou viciado! 

Bom jogo a todos!   

Nenhum comentário:

Postar um comentário