Para substituir Cid Gomes no Ministério da Educação, a presidente Dilma anunciou em 27.03.15 o petista Renato Janine, professor titular de ética e filosofia política da Universidade de São Paulo (USP).
Em entrevista publicada no jornal A TARDE de 02.03.15¹, Renato Janine demonstra sintonia com a tática de divulgação sistematizada estabelecidas pelo partido como as "realidades" a serem inseridas nas mentes dos brasileiros. O que hoje causa espécie no manifesto resultante do 5º Congresso do PT e no discurso do seu presidente, Ruy Falcão, já fazia parte do mantra gramsciano de Janine. Vejamos como ele se expressou:
"No Brasil o discurso padrão sobre a política é o ataque ao adversário como corrupto. O golpe de 64 foi fruto de 20 anos desse tipo de discurso, que é muito parecido ao de hoje contra o PT. Por outro lado o PT também usou desse discurso (quando) na oposição. O slogan de Geraldo Alckmin em 2006 "Por um Brasil descente, Alckmin para presidente!", jamais poderia ser usado contra o PT antes disso. Então, houve uma inversão de posição pelo qual o PT, que é um partido ético por excelência - tão ético que as pessoas achavam que ele não tinha condições de governar, pois era um bando de lunático - se tornou um partido, na opinião de muitos, que se aproximou da corrupção e da desonestidade."
Importante e revelador, é ouvir Janine - na atual confirmação do crime de lesa-pátria que os governos do PT cometeram contra a Petrobras e, consequentemente, contra a própria economia brasileira e cerca de seis mil empresas dela dependentes - usar o verbo ser no presente ao afirmar que o PT "é um partido ético por excelência". Mas, imediatamente, traz do passado os lunáticos idealistas existentes no partido antes dele alcançar o poder, mostrando que mesmo o cínico tem necessidade de confundir a realidade para enganar.
A Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom), declara a quem quiser saber, em documento oficial, que usa na Internet "soldados" custeados com verbas públicas para "disparar munição" do governo contra os que discordam das ações e da ideologia petista.
O presidente do PT, Ruy Falcão, pede à presidente Dilma que sejam cortadas as verbas da publicidade oficial do governo das emissoras e empresas de comunicação que "apoiaram" ou "convocaram" os protestos do dia 15 de março.²
O presidente do PT, Ruy Falcão, pede à presidente Dilma que sejam cortadas as verbas da publicidade oficial do governo das emissoras e empresas de comunicação que "apoiaram" ou "convocaram" os protestos do dia 15 de março.²
Isso que o governo já fazia antes, Ruy Falcão oficializa em pedido explícito e ameaçador, visando reduzir junto aos meios de comunicação a divulgação do movimento no próximo dia 12 de abril.
Vê-se que a essa altura, apesar do discurso surreal da presidente Dilma contra a corrupção, a desfaçatez não é mais necessária. A mentira expressa que confunde é a nova tática da comunicação petista pela conquista do apoio de parte da população que é dependente do governo.
Há meses a comunicação petista vem construindo um ambiente imaginário de confronto entre os inimigos que querem manter o povo pobre e desassistido e o partido que defende programas sociais que já tirou 30 milhões de brasileiros da miséria nos últimos anos... Entre o governo que "permite" que se investigue a corrupção na Petrobras e no CARF (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais) e uma oposição que, junto com a imprensa que persegue o PT, agentes e empresas estrangeiras, quer acabar com o Pré-Sal, arrasar com a Petrobras para privatizá-la... São grupos da elite brasileira que odeiam os pobres e não suportam ver pessoas humildes cursando universidade...
Esse discurso massivo visa impedir que os menos atentos percebam que o PT privatizou a Petrobras desde 2003, quando os diretores indicados por Lula passaram a saquear e desviar recursos para o partido, seus aliados e líderes.
Ao explicar as causas da queda da popularidade do governo Dilma, o novo ministro da Educação Renato Janine, disse:
"Acho que tem a ver com a baixa cultura política do brasileiro. Nossa cultura é fraca porque ela não consegue conceber uma razão para um mau governo que não a corrupção. Não concebe que pode ser pela incompetência. E tem muita incompetência, má gestão, escolhas erradas etc. Ou seja: a percepção da corrupção no governo é de um lado essa baixa cultura e de outro a campanha de uma oposição preguiçosa que prefere ficar batendo nessa mesma tecla (da corrupção!?). E terceiro, um fato real: as pessoas pagam impostos e sentem pouco retorno. [...] O PT tinha uma linha de combater a corrupção e acabar com a miséria. No poder ele parou. Hoje, o conceito de ética na sociedade brasileira é que ético é acabar com a corrupção e não mais acabar com a miséria."
Além dessas declarações, que corroboram a visão das oposições e dos brasileiros não dependentes do governo, Janine emitiu critica contra o modo autoritário de governar da presidente Dilma.
"As medidas que ela adotou após as eleições foram duras, mas poderiam ser justificáveis. [...] Tem de usar o rádio, explicar. Não basta dizer "agora os ministros que defendam". Os ministros nem sabem o que podem dizer, porque ela desautoriza. [...] Note que nos últimos dias de campanha o discurso que ela mais usou foi o da esquerda, que não foi contemplada no Ministério. Ao contrário, esse ministério é uma lástima."
Acho que por isso ganhou o ministério da Educação. Agora fica difícil para ele generalizar o conceito de lastimável para descrever o Ministério de Dilma.
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Notas:
1. Anexo fotocópia da entrevista publicada no jornal A TARDE de 02.03.2015.
2. Veja artigo de Felipe Moura Brasil em < http://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil/2015/03/30/video-o-cinismo-de-renato-janine-ribeiro-ministro-da-educacao-de-dilma-rousseff/ >
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