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sábado, 27 de agosto de 2016

Aprendizes

Verás que um filho teu não foge à luta

Há uns vinte anos, teve início a campanha para evitar que menores fossem explorados em trabalho escravo ou coercitivo. As fotos de crianças trabalhando em carvoarias, canaviais e na quebra de castanha-de-caju comoveram a todos, resultando na decisão de que criança e adolescente devem estar na escola para brincar, aprender e, no futuro, ter uma profissão que não teve oportunidade de aprender na prática.* 

Desapareceu de vez a figura do aprendiz que acompanhava o mestre em seu trabalho, executando pequenas tarefas e absorvendo a arte da profissão. 
Esse efetivo aprendizado junto ao artífice – praticado desde o início da humanidade - atualmente é considerado trabalho infantil ilegal ou como exploração de menor. E as consequências disso passam despercebidas para nós outros.

Depois da campanha e da elaboração do Estatuto da Criança e Adolescente (ECA), o jovem que como todos nós, tem a necessidade de realizar algo concreto, está impedido de praticar qualquer atividade profissional que lhe atraia e fascine.

Crianças e jovens precisam de realização
A não ser que seja uma profissão “especial” que pode ser exercida sem qualquer impedimento, tipo: modelo, jogador de futebol, apresentadora, dançarina, ator, cantora, escritor músico... Essas atividades, nunca são consideradas como trabalho coercitivo e são invisíveis quanto ao trabalho escravo.

Mas os criminosos e traficantes estão aí para dar às crianças e adolescentes oportunidades de realização no grupo, como: olheiro, mula, bróder, namorada de bandido, prostituta e o talvez a mais atraente, "soldado do tráfico", tão exaltada pelos repórteres policiais. Há realização e orgulho maiores do que ser soldado aos treze anos?

Na busca de realização, os jovens vêm sendo jogados por nós na rede dos bandidos, por impedimento ao trabalho e sustento lícitos. Podemos mudar isso.


* Um jovem de menor, com a anuência do engenheiro, encarregado e dos operários, entrava escondido pelos fundos de uma obra realizada por grande construtora baiana. Era um risco, caso fosse flagrado trabalhando ali. Foi assim, trabalhando que ele ganhava o suficiente para sustentar a ele e aos familiares. Hoje é engenheiro dessa mesma empresa.

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