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quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Presídios dominados

A presidente Cármen Lúcia já alertou que os bloqueadores de celulares nos presídios são consequências. A questão principal é que celulares, armas, drogas, etc. estão entrando nos presídios e são utilizados nas vistas de quem quiser ver. 


A ministra utiliza corretamente as teorias da lógica cartesiana. 

Na prática, porém, com as organizações criminosas dominando os presídios, a teoria requer ajustes. 


Atualmente, as diversas facções aterrorizam presos, agentes penitenciário, servidores, administradores, diretores, secretários de segurança, juízes... 


Os criminosos conhecem os nomes, endereços e fotos de todos eles e de seus familiares. Informações muitas vezes obtidas pelos detentos nas secretarias dos próprios presídios.

Quem de sã consciência, correria o risco de barrar a entrada de itens proibidos durante as revistas que ocorrem na entrada de visitas, familiares, defensores, etc.? Quem?


Poucos presídios possuem detectores de metais, aparelhos de Raio X, câmeras de vigilância, que custam bem menos do que os gastos com a crise em curso, vista com descaso pelas autoridades incompetentes, há tempos, comprovado pelo fato das grades do presídio de Alcaçuz terem sido destruídas pelos detentos, há mais de ano, e nada foi feito para repor o importante equipamento à disciplina dos presos e à manutenção da segurança dos agentes e dos próprios detentos.


Presos dominam Alcaçuz, Natal - RN

Entretanto, qualquer equipamento ou tecnologia de ponta não terão o dom de barrar a entrada de celulares, armas e drogas, se não houver uma sistemática que permita aos agentes barrarem os itens proibidos. De serem capazes de aplicar e atuar e efetivamente fazer cumprir as regras, sem se sentirem sob a ameaça das facções.


Da forma como os agentes penitenciários estão visíveis e expostos às ameaças das facções, qualquer investimento nesse sentido não terá os resultados que todos esperamos.


A tudo isso, podemos contrapor algumas informações do sistema prisional japonês, onde os presos seguem objetivos e regras disciplinares que demonstram o quanto estamos errados. 

Exemplos: prisão é castigo, não passa tempo; é tempo de reflexão, de repensar a vida, de se arrepender; o preso não pode encarar os agentes e servidores, na presença deles mantêm-se de cabeça baixa olhando para o chão; tomam banho uma vez por semana, recebem uma toalha molhada para a higiene; não têm banho de sol; não podem falar entre si nas filas, nas refeições e nem com os agentes; cumprem horários durante todo o dia, desde a hora a acordar até a de dormir, quando apagam-se as luzes; visitas só com autorização especial... 


Todas as quebras de regras são punidas com dias em solitárias que, como as demais celas, não têm janelas nem entrada de luz do sol.


Enquanto os agentes penitenciários e demais servidores do sistema prisional brasileiro estiverem desprotegidos, facilmente identificáveis e localizáveis, continuaremos a ver celulares, armas e drogas dentro dos presídios e, cada vez mais, barbáries como as ocorridas nas últimas semanas. 


Fatos que se repetem há décadas, sob o estigma de Carandiru, sem que seja apresentada uma solução efetiva para mudar essa realidade. Servem apenas como pretexto para obter mais dinheiro para gastar na administração faz-de-conta de governantes irresponsáveis.


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