
Passados dois meses, as manchas de óleo continuam a sujar as praias, manguezais, arrecifes, embocaduras dos rios do Nordeste, sem que se vislumbre uma solução ou o fim ao pesadelo ecológico.



O óleo, que agora se deposita no litoral, é originado de campos venezuelanos, conforme análises feitas por diversos laboratórios (UFBA), que possui características bem diferentes do brasileiro.
O petróleo venezuelano é mais denso e se desloca à meia-água, cerca de dois metros abaixo da superfície, frustrando todas as tentativas de contensão por boias, assim como sua localização e monitoramento visual do seu deslocamento, como através de satélite, aeronaves e barcos.

E para que a solução do atual desastre não fique restrita a limpeza das áreas e organismos atingidos, apresento aqui proposta de fabricação de artefato de monitoramento, com densidade e maleabilidade do óleo em questão, contendo aparelho localizador (GPS), para serem utilizados para desvendar a origem provável do vazamento e acumular registro com o comportamento das correntes marítimas nas diversas estações do ano.
Consideramos que no atual desastre, há duas principais hipóteses quanto a localização e origem do vazamento:
1. vazamento de navios que trafegavam na superfície do mar;
2. vazamento de navio que afundou com a carga de óleo.


Esses lançamentos seriam tentativas para confirmar o local do derramamento, dentro dessas duas hipóteses principais: um primeiro grupo lançados na superfície do mar, e o outro grupo em profundidades de pelo menos 1000 metros, simulando um navio afundado.
Um possível vazamento também é considerado a partir de navio afundado, há tempos, a cerca de 1.000 km das costas do estado do Ceará. A liberação do óleo só viria a ocorrer agora, após deterioração do casco, em escoamento gradual e intermitente da carga de óleo nele contido.

O aparelho de localização (GPS), seria fixado e protegido na parte central; utilizaria energia solar, acumulador (bateria) com célula fotovoltaica. As simulações resultariam em um conjunto de dados que indicará o local mais provável da ocorrência do derramamento ora analisado.

Se acaso ficar provado que o óleo veio de águas profundas, ficam eliminadas as investigações a navios que transitaram na área. Assim, o foco passa a ser: localizar e sustar o vazamento de óleo no navio afundado; monitorar e evitar que chegue às praias, visto que, a depender da quantidade nele existente, o vazamento pode perdurar por meses. Essa é uma das características das idas e vindas das atuais manchas, a cada maré.
Podemos afirmar que este desastre ecológico já é considerado o maior ocorrido no País, e tem potencial para provocar danos em toda a vida marinha da região Nordeste, por longo período de tempo. É muito, muito grave!
Considero como o segundo maior desastre, a morte do Rio Doce e de seus efluentes, após a queda da represa de lama de rejeitos da empresa Vale do Rio Doce, em Mariana - Minas Gerais.
A boa notícia veio em anúncio do governo, ontem (30), de que o resultado das investigações para definir as responsabilidades pelo derramamento, chegou a onze navios. Todos possuidores de localizadores: AIS-Automatic Identification Sistem).

Apurou-se também que nessa mesma área transitou navios fantasmas, sem localizador ("dark ships"), mas nenhum deles transportava petróleo. ( * ver atualização ao final)
Com objetivo de obter resultados práticos, encaminhei essas sugestões às autoridades envolvidas na solução do problema atual.
A hora de discutir a questão, em toda sua extensão e gravidade, visando adequar e aprimorar os procedimentos, é agora.
Fico disponível às empresas de notícias e comunicação interessadas em editar reportagem com esclarecimentos e detalhes do artefato por mim projetado e suas diversas utilidades, o qual poderá ajudar na solução do atual vazamento de óleo, assim como, em vazamentos futuros, com maior eficácia e rapidez.
O que não podemos repetir no futuro é essa mesma dificuldade ao enfrentar derramamento de óleo, por falta de atualização dos procedimentos de prevenção e de correção do problema, como soe acontecer: esquecer de implementar as soluções alcançadas, após passado o sufoco.
Autor: José Renato Almeida, engenheiro da Petrobras, aposentado.
Email: jrmalmeid@gmail.com
A Marinha do Brasil divulgou hoje (01.11) a identificação do navio grego suspeito de causar o vazamento de óleo a 700 km da costa brasileira, nos dias 28 e 29 de julho.2019: o petroleiro Bouboulina, pertencente a empresa grega Delta Tankers. Nessas datas os satélites de monitoramento registraram mancha de grande dimensões, naquela área de rota do navio.
A Polícia Federal (PF) realizou a Operação Mácula, com mandados de busca e apreensão em duas empresas instaladas no centro do Rio de Janeiro, ligadas a Delta Tankers, dona do navio.
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Apurou-se que o navio atracou dia 15 de julho em terminal petrolífero da Venezuela, onde ficou durante três dias; carregou óleo e seguiu para Cingapura. Aportou na África do Sul e agora navega aguardando carga.
As autoridades brasileiras querem esclarecer porque não houve alerta de vazamento, qual o volume liberado ao mar, e o que motivou o vazamento.