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segunda-feira, 8 de março de 2021

Mulher coragem

 

Seu andar mais lento a cada dia

Sozinha, é acompanhada e companhia 

Em si, traz com temor seu pequenino

Gerado na busca do momento único.

Tem na pele a maciez 'inda recente

Do carinho de um abraço ausente.

No fim do sonho, início da vida

Com a natureza ditando cada passo

No rumo sem trilhas da sobrevivência.

Sente o cansaço despertar a fibra

Que fortalece na dor mais sofrida.


O vestido baloiçando sobre o joelho

Linda, no perfil redondo, tenta contê-lo

Tremulando ao vento, com gesto paciente

Imagina ouvir seu coração batendo.

No susto, no desespero, a paz adquirida 

Quando fácil era tirar e esquecer

Com calma n'alma continua a vida

Pulsando tranquila num ser só seu

Carrega o motivo para envelhecer

Num mundo que sonha ser melhor

Para abrigar tão desejado bem quer. 

 

                    Traz no ventre a lua crescente

No olhar cintilante... estrelas

Qual nave mãe queimando ardente

Em luzes, na invisível proteção do vento.

Sorri conchas brancas, miúdas

Que prendem frases caladas, inquieta

Disfarça a mágoa aberta na recusa.

A fêmea é fera acuada em luta

Vergada em arco grita e berra 

Sem apoio do macho lança a seta

No imenso óvulo azul da Terra.


                    Mãe sozinha, mãe querida, mãe menina

Num mágico estalo, o choro primeiro

Apaga as mágoas de passado esquecido.

No prazer do aconchego que alimenta

Na ânsia mútua do sugar o seio

Na boca o leite desenha sorriso

Transparente, de quem nem tem dentes.

Mãe franzina, mãe coragem, mãe divina

Traz no milagre do amor menino

A emoção, a alegria, a ternura

A indizível ventura de ser mãe.  

 

 

 

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