Seu andar mais lento a cada dia
Sozinha, é acompanhada e companhia
Em si, traz com temor seu pequenino
Gerado na busca do momento único.
Tem na pele a maciez 'inda recente
Do carinho de um abraço ausente.
No fim do sonho, início da vida
Com a natureza ditando cada passo
No rumo sem trilhas da sobrevivência.
Sente o cansaço despertar a fibra
Que fortalece na dor mais sofrida.
O vestido baloiçando sobre o joelhoLinda, no perfil redondo, tenta contê-lo
Tremulando ao vento, com gesto paciente
Imagina ouvir seu coração batendo.
No susto, no desespero, a paz adquirida
Quando fácil era tirar e esquecer
Com calma n'alma continua a vida
Pulsando tranquila num ser só seu
Carrega o motivo para envelhecer
Num mundo que sonha ser melhor
Para abrigar tão desejado bem quer.
Traz no ventre a lua crescente
No olhar cintilante... estrelas
Qual nave mãe queimando ardente
Em luzes, na invisível proteção do vento.
Sorri conchas brancas, miúdas
Que prendem frases caladas, inquieta
Disfarça a mágoa aberta na recusa.
A fêmea é fera acuada em luta
Vergada em arco grita e berra
Sem apoio do macho lança a seta
No imenso óvulo azul da Terra.
Mãe sozinha, mãe querida, mãe menina
Num mágico estalo, o choro primeiro
Apaga as mágoas de passado esquecido.
No prazer do aconchego que alimenta
Na ânsia mútua do sugar o seio
Na boca o leite desenha sorrisoTransparente, de quem nem tem dentes.Mãe franzina, mãe coragem, mãe divina
Traz no milagre do amor menino
A emoção, a alegria, a ternura
A indizível ventura de ser mãe.
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