Desde os primeiros meses da pandemia acompanhei os dados divulgados pelo
Ministério da Saude (MS):
. casos confirmados com testes ou sintomas,
. índice de incidência,
. casos em acompanhamento,
. casos recuperados,
. óbitos acumulados,
. casos em acompanhamento,
. casos recuperados,
. óbitos acumulados,
. índice de letalidade,
. índice de mortalidade,
. novos óbitos nas últimas 24 horas e
. pacientes recuperados nas últimas 24 horas.
. novos óbitos nas últimas 24 horas e
. pacientes recuperados nas últimas 24 horas.
Junto a esses dados somam-se, à parte, os da taxa de ocupação de leitos e de UTIs, os quais permitem análises feitas pelos técnicos de saude que orientam governadores e prefeitos, quanto à necessidade de liberação ou não das atividades comerciais, sociais, educacionais, religiosas, entretenimento, etc.
Chamou-me atenção a nota que acompanhava o número dos óbitos registrados nas últimas 24 horas: "a maioria dos óbitos ocorreram em datas anteriores".
Quando houve a desavença entre MS e secretarias de saude dos estados, por causa da forma de apresentar esses dados, a nota de observação deixou de constar nos relatórios do Consórcio de empresas de comunicação que passou a emitir relatório independente do MS, com os mesmos dados das secretarias.
E assim, um dado importantíssimo para o gerenciamento da pandemia deixou de ser considerado, qual seja: as datas efetivas em que ocorreram os óbitos.
Do modo como hoje é informado, agrupando os óbitos nas últimas 24h e os de datas anteriores, é impossível saber se o vírus está ou não mais letal.
A subsecretária da saude da Bahia, Tereza Paim, tem obtido das secretarias o números de mortes nas últimas 24 horas, separado das ocorridas em datas anteriores, e emite o quadro abaixo.
Mas são esses dados que governadores e prefeitos, apoiados pela mídia desmamada anti-bolsonaro, utilizam para justificar as medidas de contenção tipo lóquidão, toque de recolher, suspensão ou liberação de atividades comerciais, educacionais, sociais, religiosas, serviços, diversão...
Parece haver interesse que esse número seja divulgado assim mesmo, sem detalhar, para permitir contratações e compras emergenciais sem licitação, já que esse número dá a impressão de que a pandemia está em alta.
E ainda há milhares de óbitos sendo investigados quanto a causa. Só na Bahia havia em 1º de março passado, 159.580 óbitos em investigação! Com um "estoque" desse montante fica fácil elevar os números de óbitos "diários". Ou não? Basta sabermos que, desde o início da pandemia, já foram descartados 1.033.493 óbitos, em que o resultado da investigação concluiu por causa alheia à Covid-19.
Nem todas as secretarias estaduais apresentam as informações necessárias.
A Secretaria de Saude da Bahia (Sesab) está de parabéns!
Sugegirmos manter um gráfico tipo histograma, plotando os óbitos ocorridos a cada dia, desde a primeira morte pela covid em 2020, atualizado diariamente, sempre que houver conclusão de investigação.
(Para acessar o boletim completo atualizado, clique em: boletim epidemiológico covid-19 saude.ba.gov.br ou acesse o Business Intelligence).
Estranhíssima foi a justificativa do governador Rui Costa do PT para não ativar o Hospital Metropolitano, novinho em folha, recém construído, com cerca de 300 leitos. Beira ao absurdo, vejam: "é para que as pessoas não relaxem e se exponham, por saberem que há leitos disponíveis para internação. Não posso ficar criando leitos para atender a demanda crescente por causa da alta de consciência das pessoa ante a pandemia". Hã!!! Como é que é?
Felizmente, já voltou atrás e prometeu ativar, fará licitação emergencial para selecionar a empresa que possa assumir o Hospital Metropolitano de Salvador.
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB) disse em entrevista que como 60% dos pacientes em UTI morrem, então não se justifica investir nelas. E mais: Sim, TODO o dinheiro recebido do governo federal - 40,9 bilhões de reais - foi para a saude. É bem verdade que PARTE dele foi usado para cobrir a queda na arrecadação. Foi usado para manter os serviços do estado. (Veja o vídeo em: https://www.jornaldacidadeonline.com.br/noticias/27544/a-temerosa-entrevista-do-governador-do-rs-se-60-dos-pacientes-em-utis-morrem-entao-se-justifica-nao-investir-nelas-veja-o-video
Por isso tudo, não nos causa espanto o bate-cabeça que ora ocorre entre governadores, prefeitos e o Ministério da Saude, visto que os dados que vêm sendo divulgados não mostram a realidade da pandemia.
Mas ainda há tempo de corrigir esse lapso e começar a gerir a pandemia com dados temporais confiáveis, que revelem do modo mais real e atualizado possível, a situação da pandemia e que permita visualizar as múltiplas ondas de infecção e de óbitos que já ocorreram e as que venham ocorrer no futuro.
Que assim seja, para um novo tempo, para uma visão real da pandemia.
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