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segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Dolores & Renato

Mamãe e Papai

... dó, ré and me

Dó, a origem da escala primeira. Ré, a seqüência crescente de vibrações. Arranjos harmoniosos entre si, acordes perfeitos em lá natural, onde os destinos se compõem da cappo na clave do sol mais brilhante.
Semitona em mi nostálgicos bemóis dedilhando em fá clássicos sustenidos. Mil variações allegro ma non tropo, piano, pianíssimo, forte, fortíssimo, mantendo polidas, a cada toque, as notas dos prelúdios da rotina.

Canções de ninar sopradas na noite, cristalinos arpejos nas tardes distraídas... Murmurantes cânticos à pureza da Virgem.

DOLORES, também Maria, emocionada, chora. RENATO, que já esqueceu que acredita, molha os olhos com as gotas de água benta, numa oração de apelo sem palavras... E se integram na inexplicável coerência da vida.

O piano, lá na sala, derrama Chopin pelos quatro cantos da casa, sob os dedos ágeis e precisos de LUÍZA AMÉLIA (vovó), intermezzo de solo límpido deste concerto que nos bastidores iluminava e orientava a todos nós, alimentando com a ternura dos croquetes de arroz empanados com os dedos que tocavam Noturno em mi bemol... Com a leveza e a graça das bailarinas.

RENATO aprendeu a tocar de ouvido e a solfejar sem partitura o dia-a-dia. E quando às tardes, reunido com os parceiros, a bola sete ou o dois de paus valiam um gran finaleE ele ria, no tom maior da alegria e felicidade, no tom menor da saudade: melancolia do silêncio. Diversos estilos e ritmos em muitas partituras, até dissonantes modernos sem nunca, porém, desafinar.

Sempre juntos, qualquer que fosse a escala, em mavioso timbre único de um virtual Stradivarius... Intercalado com sincopados contracantos e altercantes cânones populares.

Pai,Paulo, João, Carlos,Mãe,Graça,Madô,Luiz,Vovó,Nazá,Mathê,Antônio, Yolanda, eu e a bóia

No compasso sobre a pauta em branco escreveu o Autor de estranha perfeição dez criações, que não se restringem em si, pois se multiplicam, na regência do Maestro maior, em inúmeras sinfonias e delicados adágios, todos lindos, no estilo e harmonia de origem, ecoam sonoros mesmo quando estão lá longe.

Hoje, (29.01.1993) fez-se uma pausa para festejar os 55 anos desta resistente composição, tocada a quatro mãos, dois corações, lírica emoção e a pureza dos diamantes...  De amantes verdadeiros.

Sob o crescendo de um sol maior de Verão ou da lua clara sobre o azul atlântico, cantamos a melodia de amor que aprendemos a interpretar uníssonos: Deus lhes abençoe, mamãe e papai! Deus lhes abençoe, papai e mamãe!  

Nós também amamos vocês!


Mathê,Madô,Paulo,Graça,Dé,Nazá,Antônio e Luiz


J. Renato

Saudades em fotos:

           
                                              







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