Mamãe e Papai |
... dó, ré and me
Dó,
a origem da escala primeira. Ré,
a seqüência crescente de vibrações. Arranjos
harmoniosos entre si, acordes
perfeitos em lá natural, onde
os destinos se compõem da cappo na
clave do sol mais brilhante.
Semitona
em mi nostálgicos bemóis dedilhando
em fá clássicos sustenidos. Mil variações allegro
ma non tropo, piano,
pianíssimo, forte, fortíssimo, mantendo
polidas, a cada toque, as
notas dos prelúdios da rotina.
Canções de ninar sopradas na noite, cristalinos arpejos nas tardes distraídas... Murmurantes cânticos à pureza da Virgem.
DOLORES,
também Maria, emocionada, chora. RENATO,
que já esqueceu que acredita, molha
os olhos com as gotas de água benta, numa
oração de apelo sem palavras... E
se integram na inexplicável coerência da vida.
O
piano, lá na sala, derrama Chopin pelos
quatro cantos da casa, sob
os dedos ágeis e precisos de LUÍZA AMÉLIA (vovó), intermezzo
de solo límpido deste concerto que
nos bastidores iluminava e orientava a todos nós, alimentando
com a ternura dos croquetes de arroz empanados com os dedos que tocavam Noturno em mi bemol... Com a leveza e a graça das bailarinas.
RENATO aprendeu a tocar de ouvido e a solfejar sem partitura o dia-a-dia. E quando às tardes, reunido com os parceiros, a bola sete ou o dois de paus valiam um gran finale. E ele ria, no tom maior da alegria e felicidade, no tom menor da saudade: melancolia do silêncio. Diversos estilos e ritmos em muitas partituras, até dissonantes modernos sem nunca, porém, desafinar.
Sempre
juntos, qualquer que fosse a escala, em mavioso timbre único de um virtual Stradivarius... Intercalado com sincopados contracantos e altercantes cânones populares.
Pai,Paulo, João, Carlos,Mãe,Graça,Madô,Luiz,Vovó,Nazá,Mathê,Antônio, Yolanda, eu e a bóia |
No
compasso sobre a pauta em branco escreveu
o Autor de estranha perfeição dez
criações, que não se restringem em si, pois
se multiplicam, na regência do Maestro maior, em
inúmeras sinfonias e delicados adágios, todos
lindos, no estilo e harmonia de origem, ecoam sonoros mesmo quando estão lá longe.
Hoje,
(29.01.1993) fez-se uma pausa para
festejar os 55 anos desta
resistente composição, tocada
a quatro mãos, dois corações, lírica emoção e a pureza dos diamantes... De amantes verdadeiros.
Sob o crescendo de um sol maior de Verão ou da lua clara sobre o azul atlântico, cantamos a melodia de amor que aprendemos a interpretar uníssonos: Deus lhes abençoe, mamãe e papai! Deus lhes abençoe, papai e mamãe!
Nós também amamos vocês!
Mathê,Madô,Paulo,Graça,Dé,Nazá,Antônio e Luiz |
J.
Renato
Saudades em fotos:
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