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sábado, 6 de fevereiro de 2016

Tsunami previsto

A morte no Rio Doce
Hoje, dia 5 de fevereiro de 2016, faz três meses que rompeu a barragem de Fundão, liberando um caudaloso tsunami de rejeitos de mineração sobre os moradores de Bento Rodrigues. Matou 17 pessoas, cujos os corpos foram identificados. Dois empregados da Samarco, que trabalhavam no local na hora do desastre, continuam desaparecidos. 
Foram destruídas 158 casas das 180 do vilarejo. A lama de resíduos invadiu cerca de 100 quilômetros a jusante, matou peixes, aves, atingiu manguezais e envenenou as águas límpidas do Rio Doce, principal manancial na região. 
O prefeito de Mariana, Duarte Júnior, disse que a lama alcançou cinco distritos no estado de Minas Gerais: Águas Claras, Ponte do Grama, Bento Rodrigues, Paracatu e Pedras e mais de 40 cidades e vilarejos foram atingidos pelo desastre. A cidade de Barra Longa, a 70 km de Bento Rodrigues, também foi alcançada pela lama.
A grande fluidez dos resíduos é sintomática
Cerca de 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração atingiram o Rio do Carmo, que depois se encontra com o Piranga, formando o Rio Doce – um dos maiores rios do estado de Minas, que passa em Linhares, no litoral do Espírito Santo e deságua no oceano Atlântico. Além de Linhares mais duas cidades do Espírito Santo também foram atingidas pelo desastre: Guandu, Colatina. Foram suspensas toda captação de água do Rio Doce para uso e consumo de humanos, pecuária, animais e lavoura. 
Rastro de lama sobre grande área da região
Este é maior desastre ecológico no Brasil, preparado pela displicência criminosa dos responsáveis pela Barragem do Fundão, na zona rural do distrito de Bento Rodrigues, a 23 km da cidade de Mariana-MG. 
E mesmo após 90 dias continua gerando declarações inusitadas das empresas controladoras - a brasileiras Samarco, controlada pela Vale do Rio Doce e a anglo-australiana BHP - do governo de Minas Gerais e do governo federal.

Grande extensão coberta com resíduos
O diretor-presidente da Samarco, Ricardo Vescovi, disse logo após o desastre que as barragens tinham sido vistoriadas por autoridades ambientais em julho de 2015, e os laudos foram emitidos em setembro. A Polícia Militar de Meio Ambiente informou também que a mineradora foi fiscalizada há dois anos e nenhum problema foi encontrado na barragem.

O engenheiro civil Germano Silva Lopes, que coordena o plano de ações emergenciais na Samarco, disse que por volta das 14 horas de quinta-feira, dia 5.11.15 foi sentido um tremor de terra e que, imediatamente, uma equipe verificou a barragem de Fundão. Segundo ele, na ocasião não foi registrado qualquer problema. Depois de algum tempo, começou a ruptura das estruturas da barragem. Não especificou quanto tempo se passou entre o tremor e a constatação do rompimento.

Foto comprova a fluidez excessiva dos resíduos
Após 90 dias, a polícia federal executou mandado de busca e apreensão nos escritórios e instalações das empresas envolvidas, na tentativa de obter provas de que a Samarco tinha conhecimento dos riscos de ruptura da barragem e sustente a acusação de assassinato, proposta pelo Ministério Público.
E acredite se quiser, até agora não se chegou à causa que provocou o rompimento da barragem de Fundão. Alguns momentos antes de jorrar lama através da barragem, houve um tremor e um ruído forte. Os operadores foram olhar a barragem mas, de acordo com depoimentos, ela se mantinha intacta.
Contraste do lamaçal com o verde da área
Há informações de que as inspeções nos piezômetros instalados na barragem para monitoramento eram feitas diariamente. Relatórios registram  que alguns deles já indicavam liquefação dos resíduos acima dos limites de segurança e que alguns piezômetros, instalados em posições criticas, tinham sido removidos "para manutenção". Isso pode indicar que a manutenção foi feita para aferir o aparelho e confirmar se seu registro acima do permitido era verdadeiro ou se isso ocorria por algum erro na calibração dos instrumentos. 
O jorro dos resíduos é semelhante ao de água.
Era esse o panorama após um longo período de estiagem naquela área. Há também informações de que a barragem estava recebendo mais resíduos liquefeitos por necessidade de maior produção, visando reduzir as perdas econômicas devido a queda de preço dos commodities no mercado internacional. Esse excesso de água nos resíduos é constatada nas imagens do jato dos resíduos após rompimento: é semelhante a água.

Ao longo desses 90 dias, muito se tem discutido e pouco se tem feito para esclarecer as causas do rompimento, as responsabilidades das empresas, o atendimento aos moradores de Bento Rodrigues e dos afetados pelo desastre. Muito provável que os estraves criados pelas empresas responsáveis vise adiar essas definições. Pelo menos até que os próximos desastres e escândalos levem o de Mariana ao esquecimento. 
A biodiversidade do rio foi atingida de morte
Um vazamento foi detectado em dezembro e permaneceu por muito mais tempo do que desejaríamos. As intervenções para reforçar a barragem parece ocorrer em marcha lenta. De acordo com o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), órgão responsável pela fiscalização de barragens de rejeitos, a barragem de Fundão é considerada de baixo risco, e o rejeito de minério, inofensivo para a saude. 
Não foi isso que ficou comprovado na morte do Rio Doce e de 13 pessoasNem água cristalina cobrindo a terra, seus habitantes, vegetação e fauna é inofensiva à saude e ao ambiente. Imagine lama de resíduo de mineração cobrindo áreas enormes e contaminando rios?
Imagem da desolação  
O MP/MG disse que acusará de assassinato os responsáveis pelas empresas envolvidas: Samarco, Vale do Rio Doce e BHP. Se foi um crime doloso ou culposo, isso será resultado da análise da documentação obtida nas investigações. 
A barragem de Santarém estava no limite da sua capacidade: 7 milhões de metros cúbicos. A de Fundão estava com 55 milhões de metros cúbicos, dos 60 milhões de sua capacidade total. No dia do desastre, a Samarco informou que a barragem de Santarém também havia rompido! Parece que já era algo esperado. Segundo o diretor-presidente da Samarco, as operações da mina de Germano estão completamente suspensas, onde ficava a barragem de Fundão. Só lá?
Um novo rompimento ocorreu na barragem de Fundão há cerca de 15 dias. 
A "culpa" desse novo "acidente" foi imputada às chuvas que têm caído na região desde o início do ano de 2016. A própria Samarco já previa novos rompimentos.
Instantâneo de morador ante o desastre
E assim, ficam os habitantes e a biodiversidade da área sob ameaça de novos rompimentos. 
É permitido considerar que inúmeras barragens existentes em Minas e no Brasil, estão descuidadas do mesmo jeito que as da Samarco, tanto pelas empresas como pelos órgãos responsáveis pela fiscalização e pelo cumprimento das normas mínimas estabelecidas para garantir a segurança das barragens. 
E a lama cobre paias e avança no oceano
Por ganância e estupidez estão pondo em risco milhares de vidas humanas, milhões de vidas animais e vegetais existentes em milhares de quilômetros quadrados. As punições devem ser exemplares, de modo a ensinar que é mais econômico gastar com a segurança do que pagar pela destruição causada por falta de implantação das medidas eficazes de segurança.


É difícil a dissolução da lama nas águas do mar 

O pássaro sobre o rio de lama

A lama deixa um longo rastro de morte


... e o Rio Doce virou um lamaçal



















Terra: casa comum, nossa responsabilidade!


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Campanha da Fraternidade 2016

Tema: Planeta Terra: casa comum, nossa responsabilidade (Amós 5,24)

Lema: “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca”. (Amós 5,24)

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