Após denúncia premiada do cardeal Paulo Roberto Costa, cavalos, torres e cavalheiros nunca dantes ameaçados, foram alcançados e encurralados pela paciente estratégia do juiz Sérgio Moro.
A Operação Lava-Jato, que já indiciou 39 investigados, investe firme, ameaça peões e outras peças importantes na proteção da Rainha e do Rei. Esse também foi o número dos acusados no processo do mensalão. Ele lembra a saga de Ali Babá e os 40 ladrões, em que falta uns e umas para que todo o bando seja de fato investigado.
Na medida em que caem as peças, cresce a desfaçatez dos governantes e partidos envolvidos. Todas as dissimulações são engendradas para evitar que os corruptos e corruptores sejam investigados e os fatos apurados.
O relatório da CPMI, aprovado e revisado apressadamente para acrescentar os meeesmos nomes dos investigados pela força-tarefa da Operação Lava-Jato, é mais outra desmoralização dos parlamentares da base de apoio ao governo Dilma Rousseff.
Na Petrobras, a presidente da empresa, Graça Foster, e os gerentes responsáveis pelas áreas afetadas pela teia de corrupção, permanecem em seus postos e cargos, auxiliando as investigações e auditorias de seus próprios atos. Candidamente, Graça Foster declara que nada sabia nem desconfiava do que ocorreu. E que só em 20 de novembro é que recebeu da geóloga Venina Velosa da Fonseca, ex-gerente executiva, as denúncias do esquema de corrupção.
É inacreditável!
É inacreditável!
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deixa para fevereiro de 2015 a abertura de inquéritos e denúncias contra os cerca de 28 políticos citados por Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef.
Mais ágil, a força-tarefa já ouviu a gerente Venina, que entregou seu computador e os documentos da sua denúncia divulgada pela revista Valor Econômico.
Em entrevista à repórter Glória Maria, no Fantástico de 21.12.2014, Venina expôs as pressões, humilhações e ameaças que um denunciante enfrenta no ninho dos corruptos. Apelou aos empregados de coragem, que se apresentem também com suas denúncias e testemunhos.
Doze acordos de delação já foram homologados e, mais uma vez, as instituições e a sociedade brasileira se encontram ante oportunidade de derrubar de vez as blindagens de impunidade oferecidas - legalmente ou nem tanto - a bandidos de máscaras, togas ou paletós, instalados nos poderes da República.
Que as festas e férias dos governantes, novos discursos, promessas ou escândalos ainda maiores, não anestesiem os meios de comunicação e os cidadãos de bem, nem levem ao esquecimento as informações já obtidas nas investigações realizadas.
* Comentário veiculado em parte no jornal A TARDE de 20.12.14, na coluna Espaço do Leitor, sob o título Estado de graça.
** Texto atualizado e revisado em 22.12.2014.
Nenhum comentário:
Postar um comentário