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segunda-feira, 2 de março de 2015

Gerência surreal

A presidente Dilma Rousseff esteve dia 25.02 em Feira de Santana-BA, na cerimônia de entrega de um condomínio do programa Minha Casa, Minha Vida. Conversou com os repórteres e foi questionada sobre a decisão da agência de classificação de risco Moody's, de baixar em dois graus a Petrobras no rating de crédito corporativo, sinalizando ser a petrolífera um investimento especulativo. Caminhando lentamente, balbuciou como que para si mesma alegações que me remeteram a Stanislaw Ponte Preta*.
"Uma falta de conhecimento direito do que está acontecendo na Petrobras... Não tenho dúvida de que a Petrobras vai ser uma empresa com grande capacidade de recuperar isso... O governo sempre vai tentar eliminar o rebaixamento. Só lamentamos que não tenha tido correspondência por parte da agência. Mas acho que isso está superado."

Enquanto a presidente Dilma considera superado o rebaixamento feito pela agência Moody's, com viés negativo, isto é, com previsão de novo rebaixamento, o ministro da Fazenda Joaquim Levy tentará convencer as duas outras principais agências de classificação de risco em reuniões: no dia 04 em Brasília com a Standard & Poor's e entre os dias 16 a 20 de março com a agência Fitch em Brasília, São Paulo e Rio de janeiro.

Em 2014, a agência Standard & Poor's rebaixou a classificação do Brasil com indicativo de estável. A agência Fitch classifica o Brasil dois graus acima de investimento especulativo, também com indicativo estável para o rating.
Não há indicação de reunião com representantes da agência Moody's.

São as indicações dessas agências de classificação de risco que sinalizam aos investidores internacionais qual o risco de aplicar ou não em uma empresa. No caso da Petrobras a indicação se estende à toda a economia brasileira. E vice-versa.

Durante muito tempo Dilma afirmava que não sabia de nada das inúmeras denúncias que várias reportagens apresentavam. Sempre rejeitava as acusações, reafirmando confiança total nos envolvidos nas denúncias. Revidava a todas elas acusando os meios de comunicação de promover torpe campanha para desestabilizá-la, em preparação a um golpe das elites contra um governo dedicado aos mais pobres. 

À época, já era visível a existência de um esquema sistêmico de corrupção para sustentação do plano de permanência do PT no poder. A cada instante novos atos de corrupção eram conhecidos e, segundo depoimento do ex-gerente-executivo de Serviços da Petrobras Pedro Barusco, atuando a todo vapor desde 2003 com as 16 empreiteiras que permaneceram até ano passado. 

Tinha funcionamento equivalente a uma Federação Esportiva, onde os resultados das disputas-licitações tinham resultados já estabelecidos. O presidente da empreiteira UTC,
Ricardo Pessoa, é apontado como o "presidente" dessa Federação Esportiva que definia licitações, contratos e aditivos contratuais fraudulentos superfaturados na Petrobras. 

Vale ressaltar que esse esquema tinha o comprometimento pessoal do alto escalão da empresa contratante, Petrobras, e das 16 empresas preferencialmente contratadas.
Pelo dito, Dilma parece acreditar que agora ela é quem melhor conhece o que está acontecendo na Petrobras.

Perguntada sobre a redução do preço do diesel, reivindicação dos caminhoneiros que protestam em vários estados, bloqueando estradas, terminais de cargas e portos, disse.
"Passamos todo o período do preço do barril do petróleo a 100 dólares, a 120, sem mexer significadamente no preço dos combustíveis. Agora também não mexemos, só recompomos a Cide - Contribuição de Intervenção de Domínio Econômico. Não elevamos uma vírgula o preço dos combustíveis, nem abaixamos , porque agora a política sempre é melhor, em relação aos combustíveis, quando é estável. O que não é possível é submeter o país aos altos e baixos da política do petróleo. Não pretendemos mexer no preço. Agora ele tem oscilações, é só acompanhar o mercado."

Entenderam? O preço do petróleo cai 50%, mas no Brasil os preços dos seus derivados aumentam, empurrando ainda mais para o alto a já elevada inflação. Com essa baixa tão significativa, a Cide não poderia ser elevada ou "recomposta", mantendo o mesmo preço final dos produtos derivados de petróleo?** Ou não?


* Stanislaw Ponte Preta, chamava de Samba do crioulo doido a algo confuso, mistura de alhos e bugalhos numa mesma composição.

** Com a recomposição da Cide - Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, o preço do diesel aumentou 15 centavos na refinaria e 22 centavos na gasolina. Seria isso tão significativo o suficiente para a mobilização dos caminhoneiros que paralisou o transporte no país, a ponto de ameaçar o abastecimento e provocar o aumento dos preços dos alimentos e todos os demais produtos transportados por rodovias no Brasil? Vale ressaltar que como o aumento da Cide só poderá ser cobrado após 90 dias, o governo inseriu esse aumento no PIS/Confins com cobrança imediata durante 90 dias

Ocorre que junto com esses aumentos dos derivados de petróleo, vieram aumentos de: energia (de 30 a 67%, e vem mais aumento em junho); do Imposto de Renda, via tabela de descontos (4,5% em vez de 6,5 da inflação do ano de 2014); PIS/Confins sobre importações (passou de 9,25 para 11,75%, o que significa aumento de 27%; IPI (será cobrado também para atacadistas de cosméticos, não só mais para os fabricantes); IOF aumentou de 1,5 para 3% (100% de aumento!!!); redução dos benefícios do Seguro Desemprego, pensão por morte, abono salarial; mudança nas regras do Fies e emperramento do sistema informatizado, deixando os estudantes e faculdades em pânico há dois meses...
E o governo PT na Bahia aumentará o ICMS - Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, que passará de 27 para 28% em 1º de abril (aumento de 3,7%)!!!   

Parece-me que essas medidas, tomadas simultânea e impositivamente, visam manter o povo angustiado deixando a nós todos muito ocupados, sem tempo disponível para atentar às revelações da Operação Lava Jato - OLV, e o amplo esquema do PT para saquear a Petrobras e recursos públicos. Além de reduzir na imprensa os espaços que certamente seriam utilizados para chamar a atenção dos cidadãos à elevada fatura que o governo do PT repassa integralmente ao contribuinte já escorchado além dos limites aceitáveis, por esse mesmo governo. 

Significativo é o governo não eliminar sequer um dos 39 (?!) ministérios ou uma das múltiplas secretarias com status de ministério e seus gastos desnecessários, tão somente para manter o balcão de negócios para compra de apoio político da tal - cada vez mais ávida - base aliada. 

# Texto revisado e atualizado em 20.03.15.

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