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domingo, 8 de março de 2015

Lista dos inocentes

A expectativa de todos, ante a relação dos políticos citados nas oitivas alavancadas pelas delações premiadas durante as investigações realizadas pela força-tarefa da Operação Lava Jato, parecia assumir um título de dramaturgia cênica, tipo: Esperando Janot.

Após a entrega do relatório da Procuradoria Geral da República ao STF, constando cerca de 34 nomes de políticos¹ e, melhor ainda, com a aceitação do fim do sigilo judicial pelo ministro Teori Zavaschi, tivemos uma avalanche de protestos indignados transformando o teatro, originalmente sugerido, em título de filme dramático tal como, A lista dos inocentes, que pelo roteiro  já conhecido pode ser classificado mais adequadamente como de ficção. 

É de uma unanimidade espantosa. Não tem ninguém culpado, gente! As declarações dadas por advogados, assessores, mensagens nas redes sociais e pelos próprios políticos arrolados nos pedidos de inquérito, têm o formato padronizado em seu núcleo com as negativas densamente adjetivadas. 

A relativização das acusações individualizadas, reforçam a informação de que o político citado recebeu doações legais, declaradas, aceitas e aprovadas pelo TSE. Declarações solertes de um dirigente petista esclarecem com lógica cristalina o alicerce que as sustentam: "Se você está ganhando bem e pode doar um pouco para nós, ótimo, todo mundo ganha. Que mal há nisso?".   

Tenho a impressão que já ouvi isso de algum receptador flagrado pela polícia! Ou será minha imaginação?

Sem essa promiscuidade entre os gestores dos três poderes, políticos, empreiteiras e endinheirados, visando saquear os cofres de empresas como a Petrobras e o orçamento da Nação, pode-se observar que o Congresso assume seu papel em defesa dos brasileiros, mesmo que para obter mais espaço nos escalões bem remunerados do Executivo.

Assim, presidente do Senado devolve de pronto, pela primeira vez,  uma MP considerada inconstitucional... E o presidente da Câmara trabalha para a derrubada do veto da presidente Dilma à correção dos valores da tabela do Imposto de Renda em 6,5% e não os 4,5% proposto por Dilma.*

Agora (09.03), o governo quer "negociar" com a Câmara o índice a ser usado na atualização da tabela. Em alerta, observamos seus movimentos, que podem definir ou não uma negociata. 
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Nota 1 - Em 13.03 já somavam 50 nomes de políticos citados pelo MPF pedindo abertura de inquérito ao STF.

# Comentário veiculado parcialmente no jornal A TARDE de 10.03.15, na coluna Espaço do Leitor.

* Ao reduzir o índice de reajuste das tabelas do IR de 6,5% para 4,5% - meta de inflação estabelecida e não cumprida pelo próprio governo, há vários anos - o governo aumenta em 44% o índice do IR em 1º.jan.2015, além do índice inflacionário. 
Convenhamos, não é pouco, e fica ainda pior ao constatarmos que o índice oficial da inflação em fev.2015 ficou em 7,1378%! 
Com esse artifício, que passa despercebido pela maioria dos contribuintes, o governo federal escorcha ainda mais o assalariado, visto que a tabela já acumula um aumento de 61,42%, de 1996 a 2013, conforme dados da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (ANFIP). 


Texto atualizado em 13.03.15.

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