Esse panorama, aparentemente de contraste, leva-nos a repensar as providências tomadas pelos governos municipal, estadual e federal e por outros órgãos e instituições responsáveis pela gestão e preservação dos recursos hídricos.
Como que tomados de surpresa foram aventadas às pressas providências, sem maiores estudos ou planejamento, para evitar o colapso da cidade por falta de água à população. O uso das águas do reservatório da represa Billings, inicialmente pensada como parcela para a solução, foi descartada devido ao seu alto índice de poluição e contaminação. Está considerado também fazer o tratamento dos esgotos para uso potável !!!
Enquanto isso bilhões de litros de água proveniente das chuvas intensas vão, literalmente, para o ralo, sem qualquer aproveitamento. Além dos sérios prejuízos que as enchentes de Verão causam à população e à cidade de São Paulo, a preciosa água vai para o esgoto.
São raras as construções, prédios, galpões, condomínios e edifícios residenciais que possuem sistema de coleta de água pluvial para tratamento ou uso em limpeza das áreas comuns, rega de jardins, gramados e lavagem de veículos.
Consideramos que a conscientização que a seca tem provocado nos cidadãos vai provocar também mudanças no uso da água, na coleta, tratamento e consumo, na manutenção e preservação das bacias, fontes, mananciais, aquíferos subterrâneos e rios, assim como nas ações ágeis para sanar desperdícios por vazamentos, contaminação e usos inadequados..
Sabemos de soluções para problemas semelhantes que foram adotadas com sucesso em outras cidades: como Tóquio, por exemplo. As inundações frequentes foram eliminadas com a construção de enormes "reservatórios subterrâneos" nas áreas de enchentes. O maior deles tem estruturas semelhantes ao volume do Maracanãzinho. A eles são direcionadas as águas das chuvas, evitando as enchentes, que são bombeadas para os sistema de captação, tratamento e distribuição à população.
Breve chegaremos à necessidade de incluir nos projetos dos edifícios, condomínios, galpões, indústrias, hospitais, shoppings, etc, sistema de coleta, armazenamento, filtragem, tratamento e distribuição de água de chuva.
O mesmo deverá ocorrer com projetos básicos prevendo instalação de redutores de pressão², aquecedores solar de água, painéis para geração e armazenagem de energia elétrica a partir da luz solar.
Enfim, acreditamos que o uso da água e da energia elétrica sofrerá mudanças significativas, dando a esses recursos o valor devido que parece-me só agora constatamos³.
NOTAS
1. O Verão que finda foi o 2º mais chuvoso nos últimos 15 anos!
2. Há oito escrevi um texto ficcional, intitulado A guerra da água, onde os países "produtores" de água são cobiçados, desestabilizados, cooptados ou dominados pelas grandes potências econômica-militares, do mesmo modo como o foram desde o séc. XX os países "produtores" de petróleo do Oriente Médio e no resto do mundo.
3. Dia 22 de março celebra-se o Dia Mundial da Água, instituído pela ONU em 1990.
4. A ONU estima que 780 milhões de pessoas não têm acesso à água. Prevê que até 2030 haverá uma redução de 40% na disponibilidade de água doce. As indústrias e o agronegócio aumentarão seu uso em processos e na agricultura irrigada.
5. Há seis anos, a água que saia da torneira da pia da nossa cozinha respingava toda ao redor devido a pressão de um lava jato (ops!) pois o tanque do prédio fica a 18 metros acima. A significativa pressão de saída requeria um ajuste fino a cada abertura. Entretanto, depois de mais de 20 anos de uso, até já tínhamos nos acostumado com isso.
Introduzi um restritor de vazão que preparei e o fluxo ficou com velocidade semelhante a saída de uma bica de fonte. Acabaram-se a molhadeira e o desperdício.
Hoje, esses restritores já são fabricados em PVC e vendidos em lojas.
6. Veja o belo projeto de pia que resgata o doce e suave jorrar das águas de fontes naturais e bicas. Uma boa ideia para se economizar com muito charme.
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