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quinta-feira, 21 de abril de 2016

Clamor da Pátria

Na Semana da Pátria do Colégio Marista N. Srª. de Nazaré, em setembro de 1964, fui convidado a apresentar uma poesia no dia do encerramento. O responsável pelo evento sugeriu o poema O Credo, de Olavo Bilac. (Vale lembrar, que o ano de 1964 foi de muita tensão político-social, com a derrubada pelas forças armadas do presidente João (Jango) Goulart, em 31 de março.) Após procurar sem sucesso um texto que me parecesse adequado ao momento, optei por escrever o que declamar sob o título Clamor da Pátria. Assim decidi, assim escrevi e declamei o texto colado abaixo: 



No dia da comemoração, entre outras autoridades estava presente o coronel Jarbas Passarinho, interventor nomeado governador, o que deixou o evento ainda mais tenso. Anunciado, declamei o poema sob um silêncio respeitoso e, ao final, contidos aplausos. 

Voltei ao meu lugar de participante no alpendre que servia de palco e o silêncio continuou por longos 15 segundos quando, para minha surpresa e satisfação, Jarbas Passarinho veio me cumprimentar. Após ele, o presidente do grêmio Francisco Coelho, que estava bem do meu lado, também me cumprimentou, seguido do diretor do Colégio...

Relembro disso, neste dia 21 de abril de 2016, em que se resgata a memória do alferes Joaquim José da Silva Xavier, de alcunha Tiradentes, único participante da chamada Inconfidência Mineira, sufocada em 1789, que foi condenado a morte por forca em 21 de Abril de 1792, no Rio de Janeiro, esquartejado e exposto nas praças públicas, sua casa foi destruída e o terreno coberto de sal.

Pesou também o som dos gritos repetidos na mobilização de 17.04 no Jardim de Alá, Salvador-BA e em muitas outras cidades do País: "A nossa bandeira jamais será vermelha!".


Inspirados na Inconfidência Mineira, os movimentos de emancipação se alastraram na Colônia: a Cabanagem no Pará e a Revolta dos Alfaiates na Bahia.


A Revolta dos Alfaiates (Conjuração Baiana) – 1798 

A Conjuração Baiana, também denominada como Revolta dos Alfaiates ou Revolta dos Búzios, foi um movimento de caráter emancipacionista, ou seja, desejava a completa independência em relação a Portugal, acabar com a escravidão e criar uma nova ordem social.- Se a Inconfidência Mineira destaca-se pelo pioneirismo - o primeiro movimento republicano em nossa história -, a Conjuração Baiana apresenta o componente popular, que irá direcioná-la de forma mais ampla e radical à abolição da escravidão. - Ela foi o movimento de independência mais radical do Brasil Colônia, mas nem por isso tem o merecido destaque em nossa histografia.- Por mais que estourassem revoltas contra a colônia portuguesa no Brasil, muitas dessas organizações populares eram movidas por interesses particulares dos grandes donos de terra, escravagistas e da elite oposicionista ao governo português.- Nos rastros da Revolução Francesa e da Independência dos Estados Unidos, a Conjuração Baiana (ou Revolta dos Alfaiates) aconteceu na Bahia em 1798 e tinha caráter emancipacionista: exigia, a qualquer custo, a independência do domínio português.- Foi uma revolta social de caráter popular.- É conhecida como a mais popular das rebeliões coloniais.- Nela observamos uma participação maciça de homens livre e pobres, inclusive alfaiates, motivo pelo qual a conjuração também ficou conhecida com Rebelião dos Alfaiates.



Teve uma importante influência dos ideais da Revolução Francesa.- O sucesso da independência dos Estados Unidos, as realizações da Revolução Francesa e a rebelião escrava na Ilha de Santo Domingo (chamada pelos nativos de Ahti), propagaram na Bahia os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade.- Além de ser emancipacionista, defendeu importantes mudanças sociais e políticas na sociedade.


Causas da Conjuração Baiana

Praça da Piedade - Salvador em 1798

- A transferência da capital da Colônia da Bahia para o Rio de Janeiro, em 1763, acarretou dificuldades econômicas para a antiga capital.

- Quando Salvador deixou de ser a capital brasileira, acabou perdendo boa parte dos investimentos da Coroa e passou a ter papel secundário diante da nova capital, o Rio de Janeiro. A população baiana acabou sofrendo com a crise econômica do estado. A violência aumentava cada vez mais com os constantes saques de mercadorias e invasões de propriedades privadas.

- Vivia em Salvador uma população miserável, sobrecarregada de impostos e que frequentemente contestava a exploração exercida pela Metrópole.

- Insatisfação popular com o elevado preço cobrado pelos produtos essenciais e alimentos.

- Além disso, reclamavam da carência de determinados alimentos.

- Forte insatisfação com o domínio de Portugal sobre o Brasil. O ideal de independência estava presente em vários setores da sociedade baiana.


Objetivos da Conjuração Baiana
 
- Defendiam a emancipação política do Brasil, ou seja, o fim do pacto colonial com Portugal;
- Defendiam a implantação de um governo republicano: a República;
- Defendiam a redução dos impostos cobrados pela Coroa e por seus signatários na Colônia;
- Pela liberdade comercial no mercado interno e também com o exterior;
- Pela liberdade e igualdade entre as pessoas. Portanto eram favoráveis à abolição dos privilégios sociais e da escravidão;
- Aumento de salários para os soldados.

 
Principais Líderes da Conjuração Baiana

                            
                             Cipriano Barata
- A partir de então, as ideias radicais foram surgindo. Quem se destacou na propagação da revolta foi o médico, político e filósofo baiano Cipriano Barata. Ele organizou a população mais humilde, como escravos e pequenos camponeses, para difundir mensagens e panfletos incitando mais revoltosos para aderir à revolução.

- No movimento, destacaram-se também os alfaiates João de Deus do Nascimento e Manuel Faustino dos Santos Lira, sob chefia militar do tenente Aguilar Pantoja, que contava com o apoio dos soldados Luís Gonzaga das Virgens e Lucas Dantas Amorim Torres.

Grupos sociais participantes

- Pessoas pobres
- Letrados, professores
- Padres
- Pequenos comerciantes
- Escravos
- Negros livres
- Soldados, tenente
- Setores populares
- Artesãos e
- Muitos alfaiates

A revolta

- A revolta estava marcada, porém um dos integrantes do movimento, o ferreiro José da Veiga, que traiu e delatou o movimento para o governador, relatando o dia e a hora em que aconteceria.
- O governo baiano organizou as forças militares para debelar o movimento, antes que a revolta ocorresse.
- Vários revoltosos foram presos.
- Muitos foram expulsos do Brasil.
- Quatro foram executados na Praça da Piedade em Salvador.


                         

Quatro dos revoltosos, dois soldados e dois alfaiates - todos negros -
foram condenados e enforcados na Conjuração Baiana. Suas cabeças
foram cortadas e expostas nas praças públicas, para intimidar o povo.

Condenações, perdões e anistias

- Revoltosos mais pobres, como Faustino e Nascimento, foram condenados imediatamente à morte por enforcamento, enquanto que os intelectuais e os mais abastados, como Cipriano Barata e o professor Francisco Moniz, foram absolvidos pela Coroa, inclusive o tenente Aguilar Pantoja, que ficou seis meses preso em quartel. Como se vê, há justiças que tem preferências raciais, econômicas...

Enforcamento, em novembro de 1799, dos conjurados Lucas Dantas, Manuel Faustino, João de Deus e Luís Gonzaga, no Largo da Piedade, Salvador-BA
(Ilustração de Rodval Matias para o livro A Conjuração Baiana de Luís Henrique Tavares, Editora Ática)
Apesar de não ter sido concretizada em sua totalidade, a Conjuração Baiana é considerada uma das mais importantes revoltas populares.

Muito além da pretensão de derrubar a monarquia, a revolta pôs em xeque as questões sociais e deu impulsão para o surgimento das primeiras campanhas abolicionistas na colônia Brasil.

Fonte:

http://blogdoprofessorhenry.blogspot.com.br/2013/10/historia-revolta-dos-alfaiates.html  

Referências:


Livros BARBEIRO, Heródoto; CANTELE, Bruna;
SCHNEEBERGER, Carlos. História: de olho no mundo do trabalho.BRAICK, Patrícia Ramos; 
MOTA, Myriam Becho. História: das cavernas ao terceiro milênio. 4ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1991;
COTRIM, Gilberto. História e Consciência do Mundo: 2º grau. 6ª ed. São Paulo: Moderna, 2012; 
VINCENTINO, Cláudio; DORIGO, Gianpaolo. História: geral e do Brasil. São Paulo: Scipione, 2012. 

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