Boto cor de rosa |
É muito difundida, entre os habitantes da região amazônica, a lenda do boto que seduz as moças ribeirinhas.
O boto é um cetáceo da família dos golfinhos - da ordem das baleias e cachalotes - que vivem nas águas doce dos rios e igarapés da Amazônia.
E as donzelas parecem ficar excitadas quando lhes contam essa lenda.
Nas noites de lua nova ou na lua cheia, os botos róseos deixam o rio na forma de belos moços. Diferentemente dos botos pretos, como o tucuxi, que são mansos e dizem que empurram para a margem os que estão se afogando, o boto rosa é ousado e malina as pessoas.
Mas a transmutação de boto para homem não é tão completa a ponto de esconder o furo na cabeça, por onde respiram os cetáceos, mesmo quando disfarçado com os pelos cabelos bem penteados e topetes.
É por isso que quando vão atrás das moças nas praças, nas orlas e nas festas, o boto sempre usa chapéu ou boné para cobrir o furo.
Ornamentos à beleza da amazônia |
É nas festas de largo e nos forrós em época de São João, em junho, que eles mais aparecem.
Por causa disso, quando as moças simpatizam com algum rapaz, pedem logo que tirem o chapéu para ver se é boto ou não.
Cavalheiro sedutor o boto conquista o coração da moça e a leva para as águas dos rios e dos igarapés da Amazônia, em noites de lua nova...
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Quem me contou essa foi Dona Idalina, assistente social que trabalhava no posto de saude do Telégrafo, bairro da periferia de Belém, às margens da Baia do Guajará, no Pará.
Ao atender uma menina grávida, acompanhada pela mãe, para encaminha-la aos exames do período pré-natal, pediu os dados para preencher a ficha, até que...
- Como é o nome do pai da criança?
Silêncio...
- Quem te engravidou, minha filha?
A menina, toda sem graça, responde:
- Foi o boto, dona, num disse o nome...
Ao atender uma menina grávida, acompanhada pela mãe, para encaminha-la aos exames do período pré-natal, pediu os dados para preencher a ficha, até que...
- Como é o nome do pai da criança?
Silêncio...
- Quem te engravidou, minha filha?
A menina, toda sem graça, responde:
- Foi o boto, dona, num disse o nome...
Boto preto tucuxi |
Hum, pensou Idalina, mais uma na conta do boto... Nem a mãe, nem as avós nem as tias questionam ou duvidam do que diz a mocinha.
A maioria também usou dessa mesma desculpa para enfrentar a gravidez e, muitas vezes, um pai brabo atrás de quem beneficiou sua filha, para ter aquela conversa de persuasão, tipo você decide: ou casa ou não vai comer mais ninguém!
Dona Idalina, então, toma uma postura grave e, se inclinando para o lado da mãe, baixa a voz e fala num sussurro:
- Vai ter que operar... Fazer cirurgia... Quando o boto tem relações sexuais deixa o ferrão na vagina.
[ Êita, pau! Vamos de destradução, quase simultânea:
- Quando o boto trepa, minha senhora, deixa o pau enfiado dentro.
Vixe! Falei. ]
A mocinha, que se espichava para ouvir o que a assistente falava para a mãe, assustada e ao mesmo tempo aliviada, entrega o jogo:
- Num deixou, não, dona, eu vi, ele tirou!
- Então não é boto... Me diga o nome do rapaz...
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Fascínio e a sedução na lenda do boto da Amazônia |
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