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quinta-feira, 16 de abril de 2020

A facada da Câmara


Quem gostaria de ter um seguro total de seu bem, sem pagar nada? Eu também gostaria. Desde que fosse uma cortesia da seguradora, por não ter usado o seguro nos últimos 10 anos, por exemplo.
Saiba leitor, que foi isso que os deputados aprovaram na madrugada do dia 15/4, dando continuidade à temporada do quanto pior melhor.
O deputado Pedro Paulo (DEM-RJ) apresentou a parlamentares sedentos de dinheiro, projeto substitutivo ao PLC 149/2019 (plano Mansueto) elaborado pelo governo Bolsonaro, que apresenta avanço sobre o Regime de Recuperação Fiscal proposto no governo Temer.

No projeto substituto aprovado à revelia do Ministério da Economia, os governadores e prefeitos terão um seguro que cobrirá toda e qualquer redução de receita e ainda mais 8% para ser gasto em medidas de combate ao coronavírus. 

E tudo isso sem qualquer contrapartida, configurando mais uma facada no presidente.
Nessa hora de dificuldade, em que os cidadãos de bem se solidarizam com milhões de trabalhadores e empresários que perderam emprego e renda, a Câmara resgata, com o empenho do presidente da Câmara que se diz democrático, Rodrigo (Botafogo) Maia (DEM-RJ), a “farras das garantias” que levaram à quebradeira estados e municípios no governo Dilma, que causou grave prejuízo à União, a ponto do TCU punir com multas os então ministro da Fazenda Guido Mantega e o secretário Arno Augustin.

Os causadores dessa farra de agora são os mesmos que saquearam o erário nas últimas décadas. Usam a justificativa simplória de que a União é a única que pode imprimir moeda.

Bolas, todos sabemos que a emissão de moeda sem lastro gera inflação, imposto perverso que castiga a população, principalmente os pobres que não fazem aplicação financeira. Ninguém mais quer reviver os tempos de inflação alta e descontrole de gastos, e a União já empenhou quase um trilhão de reais em medidas contra os danos da pandemia  no país. Vale lembrar que o Tesouro também sofre severa redução de receita, aumentando os déficits nos próximos anos.

O histórico das décadas recentes, não nos permite supor que governadores e prefeitos usarão esse dinheiro em benefício do povo nem que haverá os que tentarão aumentar os valores a receber, usando inúmeros artifícios para adiar o recebimento de receitas do ICMS e ISS.  

Os brasileiros precisam saber que os mesmos comparsas de antes - que instituíram a corrupção por atacado - ressurgem com força na Câmara, para comprometer ainda mais o governo Bolsonaro e o futuro do País, e precisam ser denunciados e combatidos pelos cidadãos de bem. 
E que Deus nos ilumine nesse combate. 

* Texto publicado no jornal A TARDE de 18.04.20, sob o título Construindo o caos.




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