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sexta-feira, 7 de abril de 2017

Carnes e grãos

Quando a Polícia Federal executou a operação Carne Fraca o governo agiu com presteza e competência para reparar o mal desenvolvido sob as barbas do Ministério da Agricultura e Abastecimento (MAA). 
Demitiu os políticos, indicados pelos PMDB e PP, dos cargos estratégicos e montou campanha intensa para mostrar aos países importadores que as fraudes e não conformidades eram pontuais. 

O trabalho dos órgãos do governo federal obteve resultado surpreendente: no mês de março as exportações de carnes e derivados aumentaram 9%, mesmo com as suspensões de compra por mais de 12 países, devido à operação Carne Fraca. 

Na contramão desse bom trabalho, a safra recorde de grãos (soja/milho/sorgo) deste ano está prejudicada - prejudicando produtores, transportadores, as exportação e a economia do Brasil - por falta de pavimentação de cerca de 70 Km na BR-163, que liga Cuiabá-MT a Santarém-PA. 

Há mais de um mês, a TV mostra o atoleiro que os caminhoneiros enfrentam esse trecho  de 70 Km da BR-136 e no trecho comum com a BR-230 (Transamazônica), que dá acesso ao porto de balsas e navios de pequeno porte em Miritituba-PA, situado 300 Km antes do porto de Santarém. 

Os prejuízos causados às empresas e produtores que usam aquelas vias e os portos já ultrapassam R$ 1 bilhão, sem contar as multas contratuais e perda de credibilidade no mercado internacional, devido aos atrasos no escoamento. 

O mais estranho disso tudo é que o atual ministro do MAA, Blario Maggi, conhecido como o "rei da soja", parece não tomar conhecimento do que ocorre no escoamento através da BR-136. Os motivos que o levaram à inércia nesse caso, não estão visíveis ao público cidadão.

O Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (Dnit), subordinado ao Ministério do Transporte, Portos e Aviação Civil,  chefiado pelo ministro Maurício Quintella, informou que a pavimentação asfáltica só poderá ser concluída no fim deste ano, depois que passar o período das chuvas. É a mesma resposta dada em abril de 2015! 

Vale registrar que os trechos das estradas construídas há tempos pelo 8º BEC - Batalhão de Engenharia do Exército, ainda estão em boas condições de uso, mesmo com a manutenção precária contratada pelo Dnit. 

A falta de fiscalização na execução das obras públicas e os esquemas de propina entre empreiteiras e fiscais do governo, permite que as técnicas não sejam aplicadas, que os produtos e maquinário utilizados na construção não sejam os especificados. 

Essa corrupção sistêmica existente nos contratos dos governos, resulta em construções sem garantia, qualidade e durabilidade. 
É o que assistimos nas estradas esburacadas, nas rachaduras em casas populares construídas no programa Minha Casa Minha Vida, na barragem da Transposição das Águas do Rio São Francisco¹, que se rompe três dias após inaugurada pelo presidente Temer!!!

Será que os exportadores de grãos não mereceriam esforço semelhante ao realizado pelo governo Temer, com sucesso, no caso da Carne Fraca?

Será que o Dnit irá licitar, contratar e fiscalizar o asfaltamento desses trechos, utilizando especificações que garantem qualidade e durabilidade semelhantes às pavimentações realizadas pelo 8º BEC? 

Será que na safra de grãos a ser escoada em março de  2018, ainda estaremos patinando na incompetência displicente dos órgãos responsáveis pelas rodovias?

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Nota 1 - Nesse projeto de transposição, ocorreu há três anos, o desmoronamento de um túnel com de 25 metros de diâmetro, escavado na montanha para passagem das águas. Foi necessário escavar outro túnel, mais adiante, para substituí-lo. Com a "fiscalização" existente naquela época pré-Lava-Jato, posso assegurar que o valor de mais um túnel foi pago às empreiteiras responsáveis pelo desmoronamento e que não tomaram providências para evitar o desastre. Afinal, escoramentos e outras técnicas de sustentação custam dinheiro, que os empreiteiros preferem embolsar do que utilizar nas obras.





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