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segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Previdência sem truques


Os números do déficit da Previdência, que somaram R$ 268,3 bilhões em 2017, revelam o faz-de-conta, truques e prestidigitação que o governo dos investigados usa para tentar impingir à população em milionárias autopropagandas.

Basta detalhar os déficits da Previdência dos Servidores Públicos (civis, militares e outros) e os da Previdência dos Trabalhadores do Setor Privado (urbanos e rurais).
A Tabela abaixo coleta os déficits da Previdência no ano de 2017.

 Previdência Social – Déficit em 2017

Regimes
Setores
Número de Beneficiário
(milhões)
Déficit
(R$ bilhões)
Déficit por
Beneficiário
(R$)
RGPS
Urbano
28,7
72,85
2.538,00
(INSS)
Rural
4,7
111,60
23.745,00

Totais
33,4
184,45
5.522,00

Civil
0,693
45,24
65.281,00
RPPS
Militar
0,257
37,68
146.614,00

Outros
0,023
3,42
148.696,00

Totais
0,973
86,34
85.653,00

       RGPS – Regime Geral de Previdência Social (INSS)
       RPPS – Regime Próprio de Previdência Social 

O déficit dos servidores públicos da União que participam do Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) foi de R$ 86,34 bilhões em 2017, sendo R$ 45,24 bi dos civis, R$ 37,68 bi dos militares e R$ 3,42 bi de outros.

Já o déficit do Regime Geral da Previdência Social (RGPS/INSS) somou R$184,45 bilhões.
Grande parte desse total, R$ 111,6 bilhões (60,5%) refere-se aos trabalhadores rurais.

O déficit dos trabalhadores urbanos foi de R$ 72,85 bilhões.

Com os números gerais expostos vale fazer algumas correlações que irão ajustar o foco na obtenção do saneamento desses déficits.

Os Fundos de Previdência são criados com base em cálculos atuariais que permitem definir o percentual que cada participante deve pagar no período ativo, para obter-se recursos para pagar os benefícios que fizerem jus, conforme regulamentos estabelecidos.

No caso da Previdência Privada (INSS) o fundo tem contribuição tripartite: trabalhador, empregador e a União. Entretanto, há tempos a União não contribui, administra muito mal, abusa dos recursos e ainda desvia taxas e impostos que deveriam ser recolhidos ao INSS.

Um desses abusos foi a inclusão dos Trabalhadores Rurais na Previdência Social (INSS) sem que houvesse aporte inicial suficiente para custear seus benefícios, visto que até 2007 não recolhiam contribuição: os trabalhadores, seus patrões e nem a União. 
Qual plano de previdência sobrevive com medida desse tipo?

Foram inscrito milhares de trabalhadores rurais que passaram a receber benefícios custeados pelo INSS, sem que fossem alocados os valores necessários para atender os cálculos atuariais devidos.
É fato que os valores recolhidos pelos empregadores, empresas agropecuárias e patrões revelam-se insuficientes para cobrir os benefícios... E a União mantêm-se omissa como se nada houvesse. 

Para sanar os déficits é imprescindível considerar e adequar os cálculos atuariais de cada plano, em relação ao número de beneficiários que o causaram, às formas de arrecadação e às fontes dos recursos minimamente necessários, isto é, o suficiente para viverem dignamente. 
Uma Reforma assim, com R maiúsculo, desembocará na restrição dos super salários, dos super benefícios e das super aposentadorias. Quem usufrui deles não interessa mudanças.

O déficit de R$ 86,34 bi no RPPS é causado por 950 mil servidores públicos o que significa R$ 90.884,00 por servidor no ano de 2017, em média. 

Desse total de servidores cerca de 670 mil são civis que causaram déficit de R$ 45,24 bi, o que dá o valor de R$ 128.865.00 por ano.

Considerando que os 280 mil militares causaram déficit de R$ 37,68 bi, obtemos o valor de R$ 160.340,00  por servidor militar em 2017.

Para os 23,1 mil outros servidores públicos o déficit foi de R$ 3,42 bilhões, o resulta R$ 148.869,00 por cada um no ano, em média.

A Previdência Privada (INSS) teve déficit de R$ 184,45 bilhões em 2017, no atendimento de 33,4 milhões de trabalhadores urbanos e rurais, o que dá média de R$ 5.522,00 por beneficiado em 2017.

Sabendo-se que desse total R$ 111,6 bilhões foram pagos em benefícios a 4,7 milhões de trabalhadores rurais ativos e inativos, temos que cada um causou déficit de R$ 23.745,00 no ano na média, enquanto os 28,7 milhões de trabalhadores urbanos causaram um déficit de R$ 74,85 bilhões, o que dá R$ 2.538,00 por beneficiário em média.

Concluímos que o foco para reduzir o déficit da Previdência deve estar sobre os servidores públicos civis, militares, outros e ao trabalhador rural, com ajustes do percentual de recolhimento que compatibilize a receita de contribuições e outras fontes aos valores previstos para os pagamentos dos benefícios agora e no futuro.

Não há razão em reduzir os benefícios dos trabalhadores urbanos visto que o setor tem o menor déficit por beneficiário - R$ 2.538,00 por ano -, causado, principalmente, pelos desvios pela União de impostos e taxas devidas, que são usadas em outros custeios e fundos de emergência!

O jornal Correio Brasiliense publicou que os gastos do governo Temer para obter apoio dos governadores e prefeitos, mais a renegociação das dividas dos empresários pelo REFIS e outros "perdões" e elisões fiscais pontuais, somará R$ 769 bilhões em 10 anos. E a economia prevista com a aprovação da Reforma da Previdência será de apenas R$ 600 bilhões, nos mesmos 10 anos!!!

Nesses valores não estão computados os gastos com a compra de deputados e senadores no valor de R$ 6 milhões para cada um, além das emendas parlamentares que somam R$ 6 bilhões, Fundo de Campanha Eleitoral no valor de R$ 2,7 bilhões

por ano, nem os perdões de dívidas e multas pelo Carf e demais órgãos fiscais do governo, propaganda maciça...

Conclusão: o governo dos investigados tira o mínimo que a população ainda possui para obter saldos para apoio$ e propina$, do mesmo modo que os governos anteriores fizeram! 
E usa da mesma crueldade para "atualizar" o Salário Mínimo com índice de 1,8%, abaixo da inflação oficial de 2,95% em 2017.

Vai ser preciso muita propaganda, truques e prestidigitações para Temer conseguir esconder esses fatos da população brasileira. 

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