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domingo, 22 de maio de 2016

PMDB, partido fisiológico


Por caminhos institucionais previstos, mas de algum modo imprevisível, o PMDB ocupa mais uma vez a presidência da República. O partido tem se revelado o mais fisiológico dos existentes desde as origens, quando ainda não tinha do P na sigla do Movimento Democrático Brasileiro (MDB) criado em 1966 no rastro do Regime Militar de 1964. Só em 1980 incorporou o P de Partido na sigla.
Desde a democratização, ainda com a norma de eleições indiretas, o PMDB vem se mantendo "aliado" do poder em exercício, qualquer que seja o partido na presidência da República. É reconhecido por seu fisiologismo, que lhe dá fama de camaleão político, que se adapta às cores de qualquer partido no poder.

Tancredo Neves
Quis os vendavais republicanos que o PMDB assumisse o primeiro mandato presidencial após a redemocratização do país na pessoa do "coronel" maranhense José Sarney, com a morte do presidente Tancredo Neves, eleito de forma indireta pelo Colégio Eleitoral, que nem chegou a tomar posse. A chapa de Tancredo uniu as forças democráticas que concorreu com Paulo Maluf, representante do continuísmo "ditatorial", e venceu com 480 votos contra 180.
Com auxílio de Dilson Funaro, Sarney implantou o Plano Cruzado, com congelamento de preços para debelar alta e resistente inflação monetária. 

Sarney, "coronel' do Maranhão
Com o Plano obtendo bons resultados, Sarney deixou de lado as orientações de Funaro para flexibilizar os preços e por interesses eleitorais manteve o congelamento de preços até novembro de 1986. Com isso, o PMDB elegeu governadores em todos os estados, exceto em Sergipe. 
Entretanto, esse congelamento alongado provocou a revolta dos empresários e a explícita desobediência civil às regras do Plano Cruzado que acabou no brejo, onde afundam todos os planos mal feitos ou mal conduzidos. A inflação chegou a 84% ao mês em fev.1990, último mês do governo Sarney. Um desastre!
Collor fez o que dizia dos outro
Fernando Collor de Melo tomou posse em 15.03.1990, com a ministra Zélia Cardoso na Fazenda e confisco da poupança e dos recursos particulares depositados em bancos e financeiras. Um horror que se prolongou até aprovação do impeachment no Senado em 29 de dezembro de 1992. Collor apresentou carta de renúncia pouco antes do início da votação, para evitar a perda dos direitos políticos por oito anos, mas o Senado decidiu continuar a votação que resultou em 76 votos a favor do impedimento e três contra.
Com aceitação do processo de impeachment em outubro de 1992, Collor foi afastado das funções da Presidência da República. Assume o vice Itamar  Franco, que tinha sido do MDB, que em 1980 virou PMDB, passou pelo Partido Liberal (PL) e se elegeu vice de Collor pelo Partido da Reconstrução Nacional (PRN), criado especificamente para acolher a candidatura. Esvaziou-se e sumiu como muitos outros partidos de aluguel que criaram em 2002 o Partido Trabalhista Cristão (PTC), um nome para se livrar do passado e enganar os menos atentos. Itamar Augusto Cautiero Franco fez um governo focado na hiperinflação, o maior problema da época, que alcançou 1100% no ano de 1992, e 2708% em 1993!!!

Itamar Franco
Preocupou-se em ajustar as contas públicas, convidou Fernando Henrique Cardoso (FHC), que na época era ministro das Relações Exteriores, para ministro da Fazenda, em maio de 1993, com a incumbência de chefiar a equipe de economistas experientes em planos econômicos anteriores fracassados, ligados ao PSDB. Era formada por Pérsio AridaArmínio FragaAndré Lara ResendeGustavo Franco,Pedro MalanEdmar BachaWinston Fritsch, entre outros. Essa equipe preparou um plano econômico em três etapas. Após as medida iniciais com ajuste das contas pública, em 29 de fevereiro de 1994 foi implantada a segunda etapa do plano com criação da Unidade Real de Valor (URV), criativa “moeda virtual” que embutia a inflação diária. Uma "dolarização" disfarçada que funcionou de 1º de março a 1º de julho de 1994 quando foi congelada. 

Fernando Henrique saiu do
Min. da Fazenda em fevereiro
mas assinou as cédulas do
Real lançadas em julho
No fim de março de 1994 FHC deixa o ministério da Fazenda para concorrer ao cargo de presidente da República. Mesmo assim, sua assinatura apareceu nas cédulas do Real, lançadas só em julho de 1994, o que impulsionou sua candidatura e facilitou a vitória eleitoral.
Durante os oito anos dos governos FHC o PMDB aproveitou para se mostrar necessário às aprovações dos projetos e medidas no Congresso, incluindo a PEC da reeleição, que contou com o auxílio de Sérgio Motta, ministro das Comunicações e do governador do Amazonas, Amazonino Mendes, que pagava aos deputados para votar a favor da reeleição. Mais um escândalo provocado pelos interesses escusos do governante da hora e  criminosos disfarçados de parlamentares que atuam no Congresso Nacional. A eleição de Severino Cavalcanti (PP/PE) para a presidência da Câmara em 2005 revelou 300 deputados desse grupo que votou contra o candidato oficial do PT, Luiz Eduardo Greenhalgh que só obteve 195 votos. 
Denunciou os 300 picaretas
e depois acrescentou os do PT
Em 1993, o então ex-deputado Lula, já havia declarado que “há uma minoria que se preocupa e trabalha pelo país, mas há uma maioria de uns 300 picaretas que defendem apenas seus próprios interesses”. Isso permanece até hoje, basta ver a eleição do novo líder do governo Temer na Câmara, André Moura (PSC-SE), ligado a Eduardo Cunha e réu em três ações penais no STF, incluindo até assassinato. Mas a gente vai falar mais sobre isso daqui a pouco.
Em 2002, o PMDB fez de conta que apoiava o candidato do PSDB à presidência, José Serra, em coligação com o PSDB. Lula (PT) e José Alencar (PL) como vice venceram as eleições. Aliás, o presidente Fernando Henrique nada fez por José Serra!

Lula institucionalizou a corrupção
Com Lula eleito o PMDB tentou se inserir no governo dele mas não houve acordo. Com o mensalão em 2005, Lula viu a necessidade de se aliar ao partido que tem a maior bancada do Congresso. Fez coligação com o PMDB e foi reeleito com Michel Temer na vice-presidência. Nas duas vezes em que a sigla não participou do governo após a redemocratização, o Planalto sofreu sérias consequências: houve o impeachment de Collor em 1992 e o mensalão do PT em 2005. Com Dilma, essa percepção ou “teoria” perdeu a validade!
Michel Temer e os 304 picaretas
Agora o PMDB está de novo no poder com Michel Temer dependendo de dois terços do Senado! Daí a minha suspeita de que os 304 picaretas vão exigir retorno$ e$speciai$. A volta do MinC atesta que já estão agindo! Muito pior, sinaliza que o governo Temer tornou-se refém da chantagem dos picaretas! O que não é bom para o Brasil nem para a maioria do povo. 

Apenas os mesmos vão continuar recebendo as vantagen$ por apoiar o governo provisório de Temer, criado fisiológico como só o PMDB sabe ser. Daí vão surgir o mensalão e o “públicão” envolvendo todas as empresas e instituições da rês pública, AGORA, SOB NOVA DIREÇÃO!

Qualquer semelhança com a organização criminosa atualmente investigada pelas Operações Lava Jato, Zelotes, etc. é mera consequência. Para nós outros que tínhamos esperança de mudança na política brasileira -promovida com propinas, crimes e sofrimento dos cidadãos-eleitores menos afortunados e seus familiares - resta ficarmos atentos às medidas do novo governo que começa com a velha política.



Apesar dos fortes sinais da manutenção da velha política,
mantemos esperança de mudança por ação da sociedade contra isso





  

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