Senador Romero Jucá, presidente do PMDB |
Hoje, ficou bem visível que o Brasil mudou. Na
gravação da conversa com Rogério Jucá, feita pelo interlocutor Sérgio Machado
há clara intenção de um plano com todos os partidos e a Justiça, representada
pelo Supremo Tribunal Federal (STF), para frear as ações da Operação Lava Jato.
Fossem outros tempos, a divulgação da gravação do telefonema entre Lula e Dilma
sobre o documento de posse antecipada, visando evitar uma possível prisão,
seria o suficiente para os ministros do TSJ ou STF considerarem nulas todas as
investigações, depoimentos e provas já obtidas e enterrar de vez a Lava Jato em
cova rasa, como era comum acontecer antes da mudança.
Foi quando um juiz e um
delegado federal sofreram condenação por investigar, obter provas e prender
participantes de alto escalão na organização criminosa especializada em saquear
os recursos da Nação. Uma repescagem nos processos de investigação anulados pelo
Judiciário, atendendo os interesses e as conveniências dos quadrilheiros
contumazes, pode ser feita nas seguintes operações: Castelo de Areia, Boi Barrica, Sanguessuga, Mãos Limpas, Voucher, Sangue Frio, Navalha, Caixa de Pandora, Chacal, Satiagraha...
A Operação Satiagraha foi anulada pela 5ª Turma do
STJ, que seguiu o voto do ministro Adilson Macabu, que entendeu como ilegal a
convocação da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para ajudar nos grampos
telefônicos usados como prova, mesmo sendo a Abin um órgão de Estado.
Não se anulou somente
as provas obtidas nas gravações telefônicas, mas todas as demais investigações
e provas. Assim, foi suspensa a ação penal que julgava o banqueiro Daniel
Dantas por corrupção ativa. O responsável pela operação, delegado federal Protógenes
Queiroz, foi condenado por violação de sigilo na investigação, mesma
justificativa que tentaram imputar ao juiz Sérgio Moro, por divulgar o
telefonema de Lula e Dilma na véspera da posse como ministro da Casa Civil.
Os tempos são outros
e o STF não só manteve a gravação como prova, como a anexou ao processo de Lula
e Dilma por obstrução da Justiça! A reportagem - veiculada hoje (23) na Folha de
São Paulo - com a gravação feita por Sérgio Machado em conversa com líder do
PMDB Romero Jucá, mostra quanta diferença faz uma gravação. O descaramento de Jucá, ao “traduzir” suas
palavras na gravação, revela o que se pode esperar em dissimulação.
Michel Temer tem o
apoio Eduardo Cunha e Romero Jucá, e agora conta também com o presidente do
Congresso, Renan Calheiros, que lhe era arredio. Com companhias assim, haverá muita
dificuldade para Temer fazer um governo de recuperação do crescimento, ajuste
nas contas públicas, viabilizar a Previdência Social e passar o Brasil a limpo.
O processo de cassação
da chapa Dilma-Temer pendente no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que após a
nomeação de Francisco Meireles para a Fazenda tomava o caminho do esquecimento,
volta à pauta sob a condução de Gilmar Mendes.
Quanta diferença se faz
notar nas decisões dos representantes das instituições da República, quando a
sociedade vigilante se interessa, avalia e critica. Vamos persistir nisso!
Nenhum comentário:
Postar um comentário