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domingo, 5 de junho de 2016

Mentes que mentem

Acompanhamos as atitudes, discursos e argumentos dos protagonistas dos governos no Brasil, com uma lente semelhante à do escritor-jornalista Stanislaw Ponte Preta, aqui traduzida para o politicamente correto - que ele certamente incluiria no rol das suas finas gozações - que resume o nosso atual fuzuê político-econômico-social como o ritmo brasileiro do afrodescendente com necessidades psiquiátricas especiais. No popular: samba do crioulo doido.

Michel Temer, presidente interino

As mentiras declaradas por importantes senhores e senhoras da governança, parecem ser bem mais atraentes do que as verdades que tentam esconder. Não só para os próprios emitentes, como aos milhões de pessoas desprovidas de discernimento e de capacidade intelectual.

 Lançada num relance, no fragor dos discursos rápidos mas portentosos, a mentira não resiste uma análise de perto, para perceber que a atraente aparência dispersa da boca mau-hálito, dos cabelos piolhos, do corpo cê-cê e as frieiras minam no salto-alto. É sabido que a principal deficiência nos alunos que completam o ciclo básico de estudos é quanto a incapacidade de interpretar de textos. Não estão sozinhos nisso.

Por impossibilidade de dispor espaço-tempo suficiente para conhecer as ciências que envolvem a realidade, ficamos como em um salão escuro apalpando um elefante. Certo de saber do que se trata no primeiro contato, cada um descreve sua percepção de acordo com a parte com que teve contato, afirmando: um muro, um tronco, um boi, um tigre, uma cobra, uma rocha, uma arraia...

Uma dessas mentiras que encantam é a que diz que "o brasileiro é criativo". Fácil de ser aceita, pelo irracional ufanismo tupiniquim, essa afirmação pode esconder a falta de planejamento, de providências e muitas vezes muita preguiça, que leva as pessoas se desincumbirem de suas tarefas, em cima da hora, com a tal da "criatividade esperta", isto é, de qualquer jeito! 
Isso, quando a tarefa é cobrada por superiores, judicialmente ou pelos meios de comunicação. Quando não há cobranças, os males que esse descaso irresponsável causa, se revelam na falta de: fiscalização, vacinas, escolas, creches, leitos, UTIs e nas inúmeras obras inacabadas como as do bilionário Programa de Aceleração de Crescimento (PAC).
Ministro Luís Roberto Barroso do STF
A questão também é grave quando pessoas em posição de governo adotam disfarces conscientes para omitir a verdade. Empenham-se tanto nesse exercício que parecem acreditar na fraude que emitem. É quando a maldição de Babel se instala de vez e a mente deixa de entender a comunicação reflexiva feita consigo mesma.

Só isso pode explicar a omissão das últimas palavras (... e demais votações.) do Regimento Interno da Câmara, lido por Barroso para justificar seu voto contra os trabalhos da Câmara na aprovação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. As palavras omitidas contrariavam toda sua minuciosa argumentação. Até o relator, ministro Edson Fachin, deixou-se ser levado no bico! Pena.

O presidente interino Michel Temer diz que não se deve mais culpar governos anteriores para se eximir dos problemas. Porém, acrescenta, não vai aceitar que aqueles advindos como herança maldita dos governos anteriores, sejam considerados como de seu governo. Quase!

José Eduardo Cardozo
advogado de defesa de Dilma

Como entender os líderes dos governos petistas se entrincheirarem no argumento de que Dilma é vitima de um golpe, mesmo ante todo o processo desenvolvido em acordo com os ditames constitucionais democráticos, no Congresso e no Supremo Tribunal Federal? 
O que leva o ex-ministro da Justiça e ex-advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, afirmar em sua defesa no Senado, que Dilma não é acusada de corrupção nem tem contas no exterior, se o processo de impeachment pune o governante que descumpriu a Lei de Responsabilidade e não por crimes comuns, como os citados por ele?

Ministra Cármen Lúcia
presidirá o STF a partir de setembro.

Só uma grande confusão mental pode justificar o discurso da ministra Cármen Lúcia do STF, quando presidente do TSE em 2009, ao justificar seu voto contra a implantação do voto impresso aprovado na Câmara Federal? Ao arrematar seu discurso mostrou sua enorme preocupação ao afirmar algo assim: O voto impresso quebra o sigilo da vontade do eleitor previsto na Constituição, básico à democracia. Se hoje, já tem gente tirando foto da tela da urna eletrônica, para mostrar ao comprador do voto, imaginem o que poderão fazer com o voto impresso?".
Espero que algum/a estagiário/a já tenha esclarecido/a a ministra de que: se o eleitor pode tirar fotos da tela da urna, pode também tirar do voto impresso, indiferentemente, sem aumentar a gravidade do seu ato. Os jovens são os mais indicados para fazerem isso, pois são "corajosos" e não têm plena noção do perigo. No entanto, prefiro admirar a ministra Cármen Lúcia por seus inúmeros outros posicionamentos, como sua declaração resumida sobre os governos de Lula e Dilma.

"Houve um momento que a maioria de nós, brasileiros, acreditou, num mote segundo o qual uma esperança tinha vencido o medo. Depois deparamos com a Ação Penal nº 470 e descobrimos que o cinismo tinha vencido aquela esperança. Agora parece se constatar que o escárnio venceu o cinismo. O crime não vencerá a justiça. Aviso aos navegantes dessas águas turvas de corrupção e das iniquidades: criminosos não passarão a navalha da desfaçatez e da confusão entre imunidade, impunidade e corrupção. Não passarão sobre os juízes e as juízas do Brasil. Não passarão sobre novas esperanças do povo brasileiro, porque a decepção não pode estancar a vontade de acertar no espaço público. Não passarão sobre a Constituição do Brasil”.

A falta de discernimento da maioria da população, explorada pelos gurus e marqueteiros, impediram nos últimos anos afastar da cena política a organização criminosa do PT e dos demais partidos, cúmplices do maior dos golpes, engendrado nesse País, explicitado pelo jurista Gandra Martins em seu artigo "O PT é incompatível com a democracia", (Jornal O Globo, 27/05/2016 – Política), onde comenta a análise dos magos do PT sobre os erros cometidos pelo partido, que levaram à situação insustentável do impeachment de Dilma. Escreveu Gandra: "Li, com muita preocupação, a “Resolução sobre a conjuntura” do PT, análise ideológica, com nítido viés bolivariano, sobre os erros cometidos pelo partido por não ter implantado no Brasil uma “democracia cubana”. Em determinado trecho, lê-se: “Fomos igualmente descuidados com a necessidade de reformar o Estado, o que implicaria impedir a sabotagem conservadora nas estruturas de mando da Polícia Federal e do Ministério Público Federal; modificar os currículos das academias militares; promover oficiais com compromisso democrático e nacionalista; fortalecer a ala mais avançada do Itamaraty e redimensionar sensivelmente a distribuição de verbas publicitárias para os monopólios da informação”. De rigor, a ideia do Partido (dito dos trabalhadores) era transformar o Estado Brasileiro num feudo petista, com reforma do Estado “pro domo sua” e subordinação a seus interesses e seus correligionários, das Forças Armadas, Ministério Público, a Polícia Federal e a Imprensa.¹ 

A escolha política ainda está em aberto no Senado Federal. É a primeira etapa das muitas outras geradas pelas investigações levadas a sério pela força-tarefa Operação Lava-Jato, coordenada pelo juiz Sergio Moro. É necessário entender que ainda não acabou!


Juiz federal Sergio Moro,
coordena a Operação Lava-Jato

Nota 1. Observar que entre as instituições que não foram devidamente "aparelhadas" e subordinadas aos ditames do PT, não estão o Congresso nem a Justiça. Isso pode ser indicativo de que tanto os parlamentares como os juízes e ministros das cortes ditas superiores, como o STF, TSE e TSJ, estariam dentro dos acertos e das necessidades petista-bolivarianas.

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