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terça-feira, 1 de maio de 2018

Le Monde - Crise no Brasil

O Le Monde – Diplomatique esmiúça a crise no Brasil”.

De fato, trata-se de uma profunda e sofisticada análise das forças que governam a política do país e que bem poderia ter por título “O poder invisível e seu exercício”. 

Lembram as tais “forças ocultas” mencionadas por Jânio Quadro, no início dos anos 60. 

Com as investigações da Lava Jato e similares esse esquema de domínio foi revelado àqueles que mantêm a mente livre de mantras ideológicos e reto interesse pelos destinos da Nação.

Eis, em 13 itens, essa precisa anatomia.

1.      O foco do poder não está na política, mas na economia. Quem comanda a sociedade e as instituições republicanas é o complexo financeiro-empresarial com dimensões globais e conformações locais específicas.

2.      Os donos do poder não são os políticos. Estes são apenas instrumento dos verdadeiros donos do poder.

3.      O verdadeiro exercício do poder é invisível. O que vemos, na verdade, é a construção planejada de uma narrativa fantasiosa com aparência de realidade, para criar a sensação de participação consciente e cidadã dos que se informam pelos meios de comunicação tradicionais.

4.      Os grandes meios de comunicação não se constituem mais em órgãos de “imprensa”, ou seja, instituições autônomas, cujo objeto é a notícia, e que podem ser independentes ou, eventualmente, grandes conglomerados econômicos que também compõem o complexo financeiro-empresarial que comanda o poder invisível. Portanto, participam do exercício invisível do poder utilizando seus recursos de formação de consciência e opinião.

5.      Os donos do poder não apoiam partidos ou políticos específicos. Sua tática é apoiar quem lhes convém e destruir quem lhes estorva. Isso muda de acordo com a conjuntura. O exercício real do poder não tem partido e sua única ideologia é a supremacia do mercado e do lucro.

6.      O complexo financeiro-empresarial global pode apostar ora em Lula, ora em um político do PSDB, ora em Temer, ora em um aventureiro qualquer da política. E pode destruir qualquer um desses de acordo com sua conveniência.

7.      Por isso, o exercício do poder no campo subjetivo, responsabilidade da mídia corporativa, em um momento demoniza Lula, em outro, Dilma, e logo depois Cunha, Temer, Aécio, etc. Tudo faz parte de um grande jogo estratégico com cuidadosas análises das condições objetivas e subjetivas da conjuntura.

8.      O complexo financeiro-empresarial não tem opção partidária, não este nenhuma camisa na política, nem defende pessoas. Sua intenção é tornar as leis e a administração do país, totalmente favoráveis às suas metas de maximização dos lucros.

9.      Assim, os donos do poder não querem um governo ou outro à toa: eles querem, na conjuntura atual, a reforma na Previdência, o fim das Leis Trabalhistas, a manutenção do congelamento do Orçamento Primário, os Cortes de Gastos Sociais para atender o serviço da Dívida Pública, as Privatizações e o alívio dos tributos e encargos para os mais ricos.

10.  Se a conjuntura indicar que Temer não é o melhor para isso, não hesitarão em rifá-lo. A única coisa que não querem é que o Povo Brasileiro decida sobre o destino de seu País.

11.  Portanto, cada notícia é um lance no jogo. Cada escândalo é um movimento tático. Analisar a conjuntura não é ler notícia. É especular sobre a estratégia que justifica cada moimento tático do complexo financeiro-empresarial – do qual a mídia faz parte – para poder reagir também de maneira estratégica.

12.  A queda de Temer pode ser uma coisa boa. Mas é um movimento tático em uma estratégia mais ampla de quem comanda o poder. O que realmente importa é o que virá depois.

13.  Lembremo-nos: eles são mais espertos!!! Por isso estão no poder. 

Fonte: Le Monde – Diplomatique



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