Friedrich Nietzsche (1844-1900), filósofo e escritor alemão, considerou que "Não há fatos, só interpretações".
Desde então, essa tirada filosófica foi utilizada pelos mais espertos, incluindo políticos, comerciantes, 171's e advogados, para confundir ingênuos e desatentos.
Nas últimas décadas, com a evolução tecnológica dos registros virtuais, como gravações de áudios e vídeos nítidos em imagem e som, com apresentação dos fatos do começo ao fim, não é mais permitido considerar essa antiga enganação - usada em pomposas versões rocambolescas, argumentos acrobáticos e digressões olímpicas - que pouco ou nada se assemelham com à realidade.
Na passagem do século, essa "esperteza" foi maquiada com tons de modernidade em divulgação "acadêmica-intelectual", sob conceito nada filosófico de pós-verdade. Entra em cena factoides, fatos alternativos, argumentum ad nauseam, argumentar até provocar náusea, quando o autor da repetição acredita não ter suficiente atenção por parte dos seus interlocutores ou quando crê na falácia de Goebbels de que uma afirmação muito repetida é geralmente verdadeira.
É o argumento do "golpe" do impeachment de Dilma, usado pelo PT até o governador Rui Costa, da Bahia, com visão pragmática do momento por que passa o partido, considerar esse discurso inócuo, sobrepondo-se assim à liderança da presidente do PT Gleisi Hoffmann e do seu protetor Jaques Wagner... Os petistas passaram a chamar de "fascistas" os que antes eram chamados de "golpistas".
Apesar de equivocado e pernicioso à sociedade, a pós-verdade é o conceito da moda adotado, em maior ou menos frequência, por 11 entre 10 ideólogos políticos-partidários.
Segundo os Dicionários Oxford, pós-verdade “se relaciona ou denota circunstâncias nas quais fatos objetivos têm menos influência na formação e mobilização da opinião pública do que apelos à emoção e às crenças pessoais”.Aletheia |
Casos recentes, envolvendo o ex-presidente Lula, presidente Temer e Joesley Batista, Aécio Neves e o mesmo Joesley, Geddel Vieira Lima, o rei do ônibus Jacob Barata e muitos outros, têm deixado os acusados de ilícitos com saudades do tempo em que era "normal" interromper investigações e anular processos judiciais usando-se argumentos contraditórios e falaciosos, sem qualquer contestação. Mas agora, os vídeos, áudios, emails, mensagens e escutas telefônicas impedem que aconteçam as anulações ou arquivamento por "falta de provas".
Muitas das anulações foram decididas por unanimidade dos ministros dos tribunais dito superiores, e outras monocraticamente, como na anulação do processo gerado pela Operação Castelo de Areia, por magistrado do Tribunal Superior de Justiça (TSJ), com o argumento de que todo ele havia sido gerado a partir de uma denúncia anônima!!! Fechem os Disque Denúncia!
Plenário do Supremo Tribunal Federal - STF |
O uso intenso das redes sociais tem impedido que as Cortes tornem nulos os processos contra os quadrilheiros das cúpulas governamentais e empresariais.
Mas além da mobilização virtual, são necessários protestos nas ruas e nos locais onde são discutidas e proferidas decisões contra a democracia e contra a sociedade brasileira: Congresso, STF, TSE, Palácio do Planalto...
Enquanto confrontamos tanto descaramento, deboche e canalhice, mantenho a esperança de que, depois das reações conscientes de pessoas do bem, desfrutaremos no Brasil a Era Pós-Mentira...
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