Sem qualquer dúvida a principal causa do
desequilíbrio nas contas dos governos é o aumento dos gastos públicos, muito
além das receitas previstas e realizadas a cada ano. A maioria dos governos
estaduais, municipais e a própria União,
têm os gastos aumentados a cada período, qualquer que seja a situação, com
algumas e louváveis exceções.
Uma das manobras para ter maior volume de recursos a serem gastos, é obter no Parlamento a aprovação de uma Previsão Orçamentária Anual, baseada em uma arrecadação muito acima da realidade histórica. E quando o déficit se "revela" ao longo do ano, outras manobras são engendradas para cobrir esse déficit.
A mais usual é obter dos parlamentares aprovação de “revisão orçamentária” que autorize gastar mais do que o previsto e contratar mais empréstimos, com aumento da dívida pública. Em 2016, por duas vezes, o Congresso Nacional aprovou acréscimos nos gastos orçamentários da União.
Uma das manobras para ter maior volume de recursos a serem gastos, é obter no Parlamento a aprovação de uma Previsão Orçamentária Anual, baseada em uma arrecadação muito acima da realidade histórica. E quando o déficit se "revela" ao longo do ano, outras manobras são engendradas para cobrir esse déficit.
A mais usual é obter dos parlamentares aprovação de “revisão orçamentária” que autorize gastar mais do que o previsto e contratar mais empréstimos, com aumento da dívida pública. Em 2016, por duas vezes, o Congresso Nacional aprovou acréscimos nos gastos orçamentários da União.
O governo Temer e seus ministros. |
A última, ocorrida já com o ministro Henrique Meirelles na Fazenda do governo
Temer, foi feita através de emenda EM n° 00094 de 23.05.2016, em que resume assim
a “legalização” do déficit bilionário:
Item 15. Para 2016, propõe-se
fixar a meta de resultado primário em déficit de R$ 163,9 bilhões para o setor
público não-financeiro, dividida em déficit
de R$ 170,5 bilhões para os Orçamento Fiscal da Seguridade Social (OFSS), superávit de R$ 6,554 bilhões para os
Estados, DF e Municípios e R$ 0,0 para as Estatais Federais.
Para fazer isso, bastou recorrer ao parágrafo 5º do Art. 166 da Constituição Federal, que permite ao Presidente da República enviar
mensagem ao Congresso Nacional para propor modificação do Projeto de Lei de
Diretrizes Orçamentárias – PLDO, enquanto não iniciada sua votação, na
Comissão mista, da parte cuja alteração é proposta. Tudo dentro da Lei.
A mesma lei que “permite” que as
contas públicas de um ano sejam submetidas à aprovação do Congresso após mais
de seis meses do fechamento do ano analisado... E que “permitiu” também que o
Congresso, que é o fiscal constitucional das contas públicas, deixasse de votar os
Relatórios de Análise emitidos pelo Tribunal de Contas da União, órgão assessor
do Congresso, durante os últimos 20 anos!!!
Agora sim, já posso entrar com o argumento
principal desse post: a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) n° 241, apresentada
como um marco pelo governo Temer, para limitar os gastos públicos a - no máximo
- ao realizado no ano anterior, atualizado pelo índice da inflação.
O Parlamento autoriza mais déficits |
Por enquanto, a PEC-241 - que tem
a pretensão de instituir um "novo regime fiscal" para acabar com os rombos
orçamentários e sustar o aumento da dívida pública -, é só mais uma enganação
promovida pelo grupo político da hora. É engodo semelhante a muitos outros já utilizados
pelos desgovernos anteriores.
E por que considero essa proposta
uma enrolação?
Raciocine comigo, na simplicidade
que tende a desaparecer logo que os interessados entrarem com a verborragia que
permite confundir os cidadãos de bem e afastá-los do debate saudável.
Neste ano de 2016, foi aprovado pelo
Congresso o orçamento com o maior déficit da história econômica do País. E no
próximo ano de 2017, esse valor recorde poderá se repetir, quando for corrigido
pelo índice da inflação de 2016. Mas o governo Temer está propondo para 2017, orçamento
com déficit de “apenas” R$ 139 bilhões. Puxa, ainda bem, que legal!!!
E, o pior, esse procedimento e o
alto valor de déficit, poderão ser repetidos nos próximos quatro anos, caso aprovada
a PEC-241.
Afinal, onde estão as medidas concretas
para limitar os gastos e controlar a explosão da dívida pública? Que tal
definir em 60% o percentual máximo de endividamento da União, Estados e
Municípios? É uma fórmula direta: percentual de endividamento é igual à dívida
pública dividida pelo Produto Interno Bruto (PIB) do endividado.
Da forma como está proposto, caso
os gastos superarem o previsto em orçamento, o governo terá sempre à sua disposição,
encaminhar ao Parlamento uma proposta de aumento de déficit, como ocorreu por
duas vezes este ano.
O que fica visível é que não
faltam leis de controle orçamentário. O que falta é vergonha, caráter e
competência aos governantes canalhas que se revezam nos poderes da República.
A
legislação para reduzir essas faltas, já está sendo usada com bons resultados pelo
MPF, PF e Justiça, na Operação Lava Jato e nas operações similares em
andamento.
* Este e outros comentários
do blog Cidadania Alerta, estão liberados para cópia e divulgação em
qualquer mídia.
Peço manter as referências e autoria.
Abraços.
José Renato
Peço manter as referências e autoria.
Abraços.
José Renato
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