Pesquisar este blog

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Mídia imparcial e a quadratura do círculo

Talvez por ingênua e esperançosa persistência, acompanho a busca do santo graal pelos profissionais da imprensa: a notícia eticamente correta. Nesse distante e improvável ideal, suponho que só poderiam ser divulgados os acontecimentos cabalmente comprovados com fotos, gravações de áudio e vídeo (ops!) e, de preferência, já transitados em julgado na última instância do judiciário, de modo que não houvesse qualquer possibilidade de divulgar uma notícia minimamente infundada. A mídia - através de seus profissionais e especialistas - pode até tentar, mas não conseguirá ser imparcial. Senão vejamos.

As empresas de comunicação são criadas para dar suporte a um grupo, a um partido, a um político, que precisam de exposição para alcançar seus objetivos. A parcialidade virá independentemente de ação ou omissão grosseira, como a da TV Globo na época das Diretas-Já. Virá na própria impossibilidade de veicular tudo o que pode ser noticiado e comentado. Virá na escolha da pauta principal, do noticiário coadjuvante, na forma, no enfoque e nos destaques. A parcialidade está lá, porque lá está um profissional da informação com opinião própria que dá forma e foco à notícia.
Não estamos falando da parcialidade criminosa ou da manipulação dos que distorcem os fatos, mas sim da parcialidade inerente a qualquer ser humano formado sob determinadas condições de pressão e temperatura social, cultural e política.

O poder exercido pelos meios de comunicação é concreto. As eventuais concessões feitas aos opositores e desafetos, são apenas formas de manter a credibilidade e ampliar sua área de influência, na velha esperteza de perder os anéis para manter a mão no poder principal. É a mídia que constrói a "realidade" da chamada opinião pública, formada por uma maioria que nela se abastece de informações. Os grupos de domínio sabem disso e usam todos os meios para obter o monopólio da informação da forma mais sutil, investindo na credibilidade.

Exemplos dessas tentativas de confundir os cidadãos estamos vendo e ouvindo diariamente. Daí a importância de mantermos uma atenção crítica e lúcida sobre o que é veiculado nos meios de comunicação. Principalmente na internet, onde todo tipo de armadilha são postadas junto com as demais notícias e informações. Mas é a própria internet que permite desmascarar essas manobras e tentativas de controle das notícias e desinformações por grupos de poder, empresas ou governos.

Dificilmente, uma notícia publicada estará livre de falhas e erros, isentas de intenções predeterminadas por deficiência de caráter ou por displicência profissional. Porém, a repercussão e o desenvolvimento do fato noticiado, mesmo sem a desejada imparcialidade, têm o dom de promover o debate democrático esclarecedor.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário