Talvez por
ingênua e esperançosa persistência, acompanho a busca do santo graal pelos
profissionais da imprensa: a notícia eticamente correta. Nesse distante e improvável ideal, suponho que só poderiam ser divulgados os acontecimentos cabalmente comprovados
com fotos, gravações de áudio e vídeo (ops!) e, de preferência, já transitados em julgado na última instância do judiciário, de modo que não houvesse qualquer possibilidade de divulgar uma notícia minimamente infundada. A mídia - através de seus profissionais e especialistas - pode até tentar, mas não conseguirá ser imparcial. Senão vejamos.
As
empresas de comunicação são criadas para dar suporte a um grupo, a um partido,
a um político, que precisam de exposição para alcançar seus objetivos. A
parcialidade virá independentemente de ação ou omissão grosseira, como a da TV Globo
na época das Diretas-Já. Virá na própria impossibilidade de veicular tudo o que
pode ser noticiado e comentado. Virá na escolha da pauta principal, do
noticiário coadjuvante, na forma, no enfoque e nos destaques. A parcialidade
está lá, porque lá está um profissional da informação com opinião própria que dá
forma e foco à notícia.
Não
estamos falando da parcialidade criminosa ou da manipulação dos que distorcem
os fatos, mas sim da parcialidade inerente a qualquer ser humano formado sob
determinadas condições de pressão e temperatura social, cultural e política.
O poder exercido pelos meios de comunicação é concreto. As
eventuais concessões feitas aos opositores e desafetos, são apenas formas de manter a credibilidade e
ampliar sua área de influência, na velha esperteza de perder os anéis para
manter a mão no poder principal. É a mídia que constrói a "realidade"
da chamada opinião pública, formada por uma maioria que nela se abastece de
informações. Os grupos de domínio sabem disso e usam todos os meios
para obter o monopólio da informação da forma mais sutil, investindo na credibilidade.
Exemplos dessas tentativas de confundir os cidadãos estamos vendo e ouvindo diariamente. Daí a importância de mantermos uma atenção crítica e lúcida sobre o que é veiculado nos meios de comunicação. Principalmente na internet, onde todo tipo de armadilha são postadas junto com as demais notícias e informações. Mas é a própria internet que permite desmascarar essas manobras e tentativas de controle das notícias e desinformações por grupos de poder, empresas ou governos.
Dificilmente, uma notícia publicada estará livre de falhas e erros, isentas de intenções
predeterminadas por deficiência de caráter ou por displicência profissional. Porém, a repercussão
e o desenvolvimento do fato noticiado, mesmo sem a desejada imparcialidade, têm o dom de promover o debate democrático
esclarecedor.
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