Por caminhos institucionais previstos, mas de algum modo
imprevisível, o PMDB ocupa mais uma vez a presidência da República. O partido
tem se revelado o mais fisiológico dos existentes desde as origens, quando
ainda não tinha do P na sigla do Movimento Democrático Brasileiro (MDB) criado
em 1966 no rastro do Regime Militar de 1964. Só em 1980 incorporou o P de
Partido na sigla.
Desde a democratização, ainda com a norma de eleições indiretas, o
PMDB vem se mantendo "aliado" do poder em exercício, qualquer que
seja o partido na presidência da República. É reconhecido por seu fisiologismo,
que lhe dá fama de camaleão político, que se adapta às cores de qualquer partido
no poder.
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Tancredo Neves |
Quis os vendavais republicanos que o PMDB assumisse o primeiro
mandato presidencial após a redemocratização do país na pessoa do
"coronel" maranhense José Sarney, com a morte do presidente Tancredo
Neves, eleito de forma indireta pelo Colégio Eleitoral, que nem chegou a tomar
posse. A chapa de Tancredo uniu as forças democráticas que concorreu com Paulo Maluf, representante do continuísmo "ditatorial",
e venceu com 480 votos contra 180.
Com auxílio de Dilson Funaro, Sarney implantou o Plano Cruzado,
com congelamento de preços para debelar alta e resistente inflação monetária.
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Sarney, "coronel' do Maranhão |
Com
o Plano obtendo bons resultados, Sarney deixou de lado as orientações de Funaro
para flexibilizar os preços e por interesses eleitorais manteve o congelamento
de preços até novembro de 1986. Com isso, o PMDB elegeu governadores em todos
os estados, exceto em Sergipe.
Entretanto, esse congelamento alongado provocou a revolta dos
empresários e a explícita desobediência civil às regras do Plano Cruzado que
acabou no brejo, onde afundam todos os planos mal feitos ou mal conduzidos. A
inflação chegou a 84% ao mês em fev.1990, último mês do governo Sarney. Um
desastre!
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Collor fez o que dizia dos outro |
Fernando Collor de Melo tomou posse em 15.03.1990, com a ministra
Zélia Cardoso na Fazenda e confisco da poupança e dos recursos particulares
depositados em bancos e financeiras. Um horror que se prolongou até aprovação
do impeachment no Senado em 29 de dezembro de
1992. Collor apresentou carta de renúncia pouco antes do início da votação,
para evitar a perda dos direitos políticos por oito anos, mas o Senado decidiu
continuar a votação que resultou em 76 votos a favor do impedimento e três
contra.
Com aceitação do processo de impeachment em outubro de 1992,
Collor foi afastado das funções da Presidência da República. Assume o vice
Itamar Franco, que tinha sido do MDB, que em 1980 virou PMDB, passou pelo
Partido Liberal (PL) e se elegeu vice de Collor pelo Partido da Reconstrução
Nacional (PRN), criado especificamente para acolher a candidatura. Esvaziou-se
e sumiu como muitos outros partidos de aluguel que criaram em 2002 o Partido
Trabalhista Cristão (PTC), um nome para se livrar do passado e enganar os
menos atentos. Itamar Augusto Cautiero
Franco fez um
governo focado na hiperinflação, o maior problema da época, que alcançou 1100% no ano de 1992, e 2708% em
1993!!!
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Itamar Franco |
Preocupou-se em ajustar as contas públicas, convidou
Fernando Henrique Cardoso (FHC), que na época era ministro das Relações
Exteriores, para ministro da Fazenda, em maio de 1993, com a incumbência de
chefiar a equipe de economistas experientes em planos econômicos anteriores
fracassados, ligados ao PSDB. Era formada por Pérsio Arida, Armínio Fraga, André Lara Resende, Gustavo Franco,Pedro Malan, Edmar Bacha, Winston Fritsch, entre outros. Essa equipe preparou um plano econômico em três etapas. Após as
medida iniciais com ajuste das contas pública, em 29 de fevereiro de 1994 foi
implantada a segunda etapa do plano com criação da Unidade Real de Valor (URV),
criativa “moeda virtual” que embutia a inflação diária. Uma
"dolarização" disfarçada que funcionou de 1º de março a 1º de julho
de 1994 quando foi congelada.
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Fernando Henrique saiu do Min. da Fazenda em fevereiro mas assinou as cédulas do Real lançadas em julho |
No fim de março de 1994 FHC deixa o ministério da Fazenda para
concorrer ao cargo de presidente da República. Mesmo assim, sua assinatura
apareceu nas cédulas do Real, lançadas só em julho de 1994, o que impulsionou
sua candidatura e facilitou a vitória eleitoral.
Durante os oito anos dos governos FHC o PMDB aproveitou para se
mostrar necessário às aprovações dos projetos e medidas no Congresso, incluindo
a PEC da reeleição, que contou com o auxílio de Sérgio Motta, ministro das
Comunicações e do governador do Amazonas, Amazonino
Mendes, que pagava aos deputados para votar a favor da reeleição. Mais um escândalo provocado
pelos interesses escusos do governante da hora e criminosos disfarçados de parlamentares que
atuam no Congresso Nacional. A eleição de Severino Cavalcanti (PP/PE) para a
presidência da Câmara em 2005 revelou 300 deputados desse grupo que votou
contra o candidato oficial do PT, Luiz Eduardo Greenhalgh que só obteve 195
votos.
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Denunciou os 300 picaretas e depois acrescentou os do PT |
Em 1993, o então ex-deputado Lula, já havia declarado que “há
uma minoria que se preocupa e trabalha pelo país, mas há uma maioria de uns 300
picaretas que defendem apenas seus próprios interesses”. Isso permanece até
hoje, basta ver a eleição do novo líder do governo Temer na Câmara, André Moura (PSC-SE), ligado a Eduardo Cunha e réu em
três ações penais no STF, incluindo até assassinato. Mas a gente vai
falar mais sobre isso daqui a pouco.
Em 2002, o PMDB fez de conta que apoiava o candidato do PSDB à
presidência, José Serra, em coligação com o PSDB. Lula (PT) e José Alencar (PL) como vice venceram as eleições. Aliás, o presidente Fernando Henrique
nada fez por José Serra!
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Lula institucionalizou a corrupção |
Com Lula eleito o PMDB tentou se inserir no governo dele mas não houve
acordo. Com o mensalão em 2005, Lula viu a necessidade de se aliar ao partido
que tem a maior bancada do Congresso. Fez coligação com o PMDB e foi reeleito
com Michel Temer na vice-presidência. Nas duas vezes em que a sigla
não participou do governo após a redemocratização, o Planalto sofreu sérias
consequências: houve o impeachment de Collor em 1992 e o mensalão do PT em
2005. Com Dilma, essa percepção ou “teoria” perdeu a validade!
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Michel Temer e os 304 picaretas |
Agora o PMDB está de novo no poder com Michel Temer dependendo de dois terços do Senado!
Daí a minha suspeita de que os 304 picaretas vão exigir retorno$ e$speciai$. A
volta do MinC atesta que já estão agindo! Muito pior, sinaliza que o governo Temer
tornou-se refém da chantagem dos picaretas! O que não é bom para o Brasil nem para a
maioria do povo.
Apenas os mesmos vão continuar recebendo as vantagen$ por
apoiar o governo provisório de Temer, criado fisiológico como só o PMDB sabe
ser. Daí vão surgir o mensalão e o “públicão” envolvendo todas as empresas e
instituições da rês pública, AGORA, SOB NOVA DIREÇÃO!
Qualquer semelhança com a organização criminosa atualmente investigada pelas Operações Lava Jato, Zelotes, etc. é mera consequência. Para nós outros que tínhamos esperança de mudança na política brasileira -promovida com propinas, crimes e sofrimento dos cidadãos-eleitores menos afortunados e seus familiares - resta ficarmos atentos às medidas do novo governo que começa com a velha política.
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Apesar dos fortes sinais da manutenção da velha política, mantemos esperança de mudança por ação da sociedade contra isso |